O avanço da crise econômica e seus reflexos na renda, no emprego, na inflação e na vida diaria das famílias, tem provocado reações e mudanças diretas no comportamento de consumo. O tempo está passando sem ainda sinalizar para a melhoria deste cenário.
O aprendizado advindo da crise, com a restrição orçamentária das famílias, provocando aperto, medo da receita não dar, insegurança, tem modificado e refletido diretamente no mercado de consumo.
No comércio percebemos uma desaceleração nas vendas. As lojas estão mais vazias e os vendedores menos ocupados no trabalho, muitas estão até fechando as portas. A justificativa para isso é que as famílias estão mais atentas e destinando sua renda, que está com menor poder de compra, para os itens necessários.
Nos supermercados os clientes estão mais atentos às promoções e andam mais seletivos com os produtos, trocando marcas, abrindo mão de produtos que estão mais caros, fazendo substituições de itens, alternando os supermercados e mercados, enfim, fazendo uma verdadeira ginástica para esticar o salário sem perder a qualidade do consumo. Quando a crise afeta o consumo na alimentação; ou seja, nos supermercados, evidencia uma maior gravidade.
Até para o reaproveitamento dos alimentos está havendo maior atenção, num esforço também para combater o desperdício.
Observamos também que as pessoas estão se inteirando e conversando mais sobre os preços dos produtos, divulgando as promoções, em atitudes simples que promovem a mudança comportamental e disseminam a importância do zelo no uso do dinheiro.
No setor de serviços observa-se um aumento na procura para recuperar eletrodomésticos, eletrônicos, móveis, que até então eram descartados, doados ou trocados por novos, mesmo ainda estando em bom estado de conservação.
Novos hábitos surgem, como o de customizar roupas, sapatos, bolsas e acessórios, dando um “up” aos usados e seminovos.
O desapego está cada vez mais em moda, onde se anuncia nas redes sociais a venda do que não é mais útil, porém encontra-se em bom estado, podendo servir a outro, por um menor custo.
E falando na moda, ela encanta, mas já não tem conseguido seduzir tanto como na época das ”vacas”, aparentemente, gordas, já que o que fomentava o consumo era a facilidade do acesso ao crédito “barato”, que já não está mais assim e, o aumento na renda. O que ainda pode sustenta-la é o crediário, o “bom e velho” carnê, ou a compra parcelada no cartão de crédito, sem juros.
E o que ficará de lição desta crise?
Será possível mantermos esses novos hábitos?
A crise vai passar, mas que os bons hábitos, atitudes e posturas adquiridas a partir dela, sejam enraizados como um novo comportamento de consumo na vida das famílias, assim haverá menos desperdício, mais oportunidade de formar reserva, mais disciplina e zelo, e assim, menor vulnerabilidade das famílias.
Façamos bom proveito!