Imediatamente após o término das eleições municipais de 2012 no Espírito Santo, jornais locais publicaram uma foto em que os quatro prefeitos eleitos nas quatro maiores cidades do Estado apareciam juntos. Lá estavam: Audifax Barcelos (PSB), eleito prefeito na Serra; Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), eleito em Cariacica; Luciano Rezende (PPS), eleito em Vitória; e Rodney Miranda (DEM), eleito em Vila Velha. Todos eles eleitos, então, com o “mote” da mudança.
Olhando aquela foto, um arguto observador da cena política capixaba ensaiou um vaticínio: “Desta foto deverá sair o próximo governador do Espírito Santo, em 2018”. Havia um clima de mudança e de renovação no ar. Apostava-se que Paulo Hartung (PMDB) não disputaria um terceiro mandato, que Renato Casagrande (PSB) poderia ser reeleito em 2014 e que, então, lá na frente, em 2018, o horizonte apontava ou para Ricardo Ferraço (PMDB), ou para um dos quatro prefeitos que apareciam na foto.
Mas, como dizia Magalhães Pinto, “política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou”. Até agora, nenhum dos quatro prefeitos citados (Audifax, Juninho, Luciano e Rodney) justificou aquela expectativa do nosso arguto observador. Nenhum deles conseguiu (podemos dizer ainda?) imprimir marcas respectivas em suas respectivas cidades. Neste diapasão e neste andar de carruagem, ficará difícil para todos eles uma eventual candidatura à governadoria do Estado em 2018.
Aliás, ficarão difíceis até as próprias recandidaturas deles às respectivas reeleições nos seus respectivos municípios. Suas gestões, até agora, deixam muito a desejar. No plano, que interessa, das entregas às populações dos municípios, não há muito o que encontrar. Luciano Rezende encontrou o veio das ciclovias. Mas é muito pouco, quase nada, para quem falou repetidamente em mudança. Além disto, eles não lideram politicamente as suas respectivas cidades. Ainda têm perfis de coadjuvantes, quase 30 meses depois de eleitos.
Na gestão, os nossos prefeitos de nossas quatro maiores cidades operam com discurso da era digital, mas com práticas analógicas. Praticam monólogos digitais enquanto permanecem “pilotando” máquinas administrativas com as mesmas estruturas e práticas do século passado. Dizem alguns analistas bem informados que alguns deles estariam “guardando dinheiro” para gastar no segundo semestre de 2015 e em 2016, ano das eleições. Mas até isto seria uma prática meio coronelista. E o eterno cacoete de achar que governar é só inaugurar obras. É também. Mas é muito mais e muito além.
Na liderança política, eles atuam apenas no plano propriamente político, isto é, costuram alianças com políticos e elites políticas, mas não articulam coalizões politicamente dominantes enraizadas nas sociedades locais. Neste sentido, têm uma liderança limitada nas cidades. Lideram o governo. Mas não lideram as cidades. Têm limitado Poder Político.
É exatamente esta liderança limitada de todos eles que já está abrindo vácuos por onde começam a passar candidaturas alternativas para 2016 nos seus respectivos municípios. Em Vitória, Lelo Coimbra (PMDB), por exemplo. Sem falar em Renato Casagrande (PSB). Em Cariacica, Marcelo Santos (PMDB) e Helder Salomão (PT). Em Vila Velha, Max Filho (PSDB), Neucimar Fraga (PSD?) e Guilherme Lacerda (PT). E em Serra, Sérgio Vidigal (PDT), por exemplo – ou alguém dá como certo que o governador Paulo Hartung (PMDB) vai conseguir dissuadir Vidigal?
Tudo somado, Audifax, Juninho, Luciano e Rodney teriam que mudar muito, neste curto período político que falta para o início das eleições municipais de 2016, para almejar a reeleição em 2016 e, lá na frente, uma cada vez mais distante e improvável candidatura à governadoria em 2018. No caso da governadoria, ainda mais com Paulo Hartung (PMDB), Renato Casagrande (PSB), Ricardo Ferraço (PMDB) e César Colnago (PSDB) na liça. Difícil. Muito difícil.