Quinta, 28 Março 2024

Foco errado

 

A nota questionável da educação básica, divulgada esta semana, traz a coluna ao foco da educação novamente. Enquanto o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) aponta para a necessidade de melhorar o desempenho dos estudantes brasileiros na Olimpíada de Matemática diante do brilhantismo dos asiáticos e aponta para a importância dos esportes na formação do cidadão, os índices caem. Fiquemos na questão do ensino médio, competência do Estado. Na semana passada, a coluna destacou a linha distorcida e amplamente adotada nos oito anos do governo Hartung em relação à formação para o mercado de trabalho.
 
Talvez o ex-governador nunca tenha entrado em uma sala de professores para sentir o clima de hostilidade entre os professores do ensino básico (português, matemática e outros) com os da educação profissionalizante, que ganhavam mais pelo planejamento de aulas e participação do Programa de Educação Continuada (PEC). Enquanto isso, o governo prega a meritocracia, baseada nas notas de português e matemática, o que aumentava a pressão sobre esses profissionais. Melhorar a educação no governo passado, uma ideia que ainda persiste no governo atual, é informatizar as escolas, colocar quadros inteligentes, financiar computadores para professores e outros penduricalhos.
 
O ex-governador que gostava tanto de viajar, ver a experiência de outros países em várias áreas, bem que poderia ter dado um pulinho na Finlândia, para conhecer como funciona a melhor escola do mundo. Em 2008, a Revista Veja publicou uma reportagem sobre a escola Meilahden Yläaste, em Helsinque, a melhor do mundo segundo o ranking do Pisa, a mais abrangente avaliação internacional de educação, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo a publicação, o segredo da boa educação finlandesa não está no investimento tecnológico, e sim no currículo amplo, que inclui o ensino de música, arte e pelo menos duas línguas estrangeiras, além da formação de professores. O título de mestrado é exigido até para os educadores do ensino básico.
 
Da gestão do ex-secretário de Educação Lelo Coimbra (PMDB), cabe ao hoje deputado federal explicar ao Tribunal de Contas as irregularidades encontradas no período. Depois dele o ex-presidente do Bandes Haroldo Corrêa Rocha assumiu, e é de seu período o aumento do período das aulas, o que deixou muito professor sem almoço.
 
Do governo Paulo Hartung ficou a falta de valorização dos professores. São nove mil trabalhando em Designação Temporária. Em vez de aumento real, sistema de subsídio e bônus no fim do ano para equilibrar o balancete da aplicação dos 25% do Orçamento determinado por lei. Enquanto a educação for voltada para políticas de vitrine em vez da valorização dos profissionais e do currículo, a nota não vai subir.

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Sexta, 29 Março 2024

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