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Futura sem futuro

Por mais acreditado que seja o instituto, as pesquisas eleitorais costumam gerar desconfiança em boa parte dos eleitores. A primeira suspeita que surge é a de que alguns institutos manipulam dados de pesquisa e influenciam os resultados das eleições.
 
Suspeição à parte, no escrutínio final, ninguém tem como provar se o instituto agiu ou não de má fé. No final das contas, fica tudo por isso mesmo. Aos prejudicados resta chorar na cama, enquanto os favorecidos comemoram a vitória.
 
São os resultados das urnas que vão funcionar como prova dos nove para indicar se as pesquisas conseguiram captar a intenção de voto do eleitor. Nesse jogo, que não tem nada de loteria mas sim de pura ciência, os institutos que quase sempre acertam vão construindo uma boa reputação no mercado, já os que erram seguidamente vão perdendo credibilidade, principalmente quando os erros não podem ser justificados por fenômenos do processo. O que suscita deduzir que não houve erro, mas manipulação livre dos dados.
 
O Futura, que costuma fazer pesquisas eleitorais para o jornal A Gazeta, é um exemplo de instituto que vem perdendo credibilidade eleição após eleição. 
 
A mais nova vítima do Futura é o candidato ao Senado João Coser. O petista se sentiu prejudicado pelas últimas pesquisas do instituto, contrariou a escrita e resolveu pôr a boca no trombone, comprando uma briga com o grupo de comunicação. 
 
Depois de ver suas intenções de voto despencarem — caiu de segundo para terceiro lugar —, o candidato do PT não se conteve. Usou o horário reservado à propaganda eleitoral do partido, nessa segunda-feira (22), para questionar os resultados da pesquisa publicada no domingo (21) pelos veículos do grupo. 
 
Coser talvez tenha feito o desabafo entalado na garganta de muita gente que engoliu seco os números do Futura todos esses anos. No próprio programa, Coser cita o caso do então candidato a prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS), que chegou a ser “derrotado” pela pesquisa do Futura, mas acabou contrariando os números e vencendo a disputa contra o tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas, que era apontado como vitorioso pelo instituto.
 
Coser afirma que é a mais nova vítima do instituto. Ele confronta os resultados da pesquisa do Futura com a da Enquet. Recupera ainda a última pesquisa do Ibope, encomendada há uma semana pela própria Gazeta. Na pesquisa do Ibope, o petista aparece tecnicamente empatado com a candidata Rose de Freitas (PMDB). Na pesquisa Futura, porém, a candidata ao Senado abre uma vantagem de 10 pontos sobre Coser. 
 
A pesquisa Brand/Século Diário, a última a fechar o campo, bate com a do Ibope. O instituto Enquet, que registrou vantagem para Rose, como a pesquisa Brand/Século Diário, também aponta que os dois estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro. 
 
Nos comparativos das últimas pesquisas a governador do Estado não foi diferente. Ibope apurou uma diferença de 13 pontos percentuais entre Paulo Hartung (PMDB) e Renato Casagrande (PSB) na semana passada; Enquet apurou 14 pontos; Brand/Século Diário, último a fechar o campo, registrou 9 pontos entre os dois candidatos. Já a Futuro, mais uma vez, acentuou a diferença em favor do ex-governador. “Achou” impressionantes 18 pontos de vantagem do peemedebista sobre o candidato do PSB. Imaginem como fica a cabeça do leitor de A Gazeta, que se deparou com resultados tão divergentes no mesmo jornal.
 
Nessas horas é que percebemos o quanto é importante a diversidade de informação, principalmente em torno de pesquisas eleitorais, objeto de intermináveis controvérsias. 
 
Hoje, graças às diversas fontes disponíveis, o leitor/eleitor pode comparar os resultados e analisar se existe coerência entre os dados. Quando três institutos apuram resultados semelhantes e um único diverge, no mínimo, o eleitor deve ficar cabreiro. O segundo passo é investigar o histórico do instituto para se certificar que se trata de uma empresa confiável. A propaganda eleitoral de Coser, porém, desnuda a “pixotada” do Futura nas eleições para prefeito de Vitória em 2012. Somada aos “equívocos” destas eleições, o eleitor já tem Informação de sobra para incluir o Futura na lista dos institutos com credibilidade arranhada. 

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