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‘Gestão compartilhada’

A greve dos professores de Vitória, encerrada nesta terça-feira (24), se transformou numa verdadeira queda de braço entre os docentes e o prefeito da Capital. Depois de quase um mês de paralisação, Luciano Rezende (PPS) pesou ainda mais a mão de gestor. E com força. Uma estratégia que só reforçou sua falta de habilidade e tato para resolver os problemas de sua gestão, que não são poucos.
 
Logo no início da manhã dessa segunda, os pais e responsáveis pelos alunos das escolas municipais começaram a ser torpedeados pela Secretaria de Educação de Vitória. Na mensagem, a prefeitura se isenta de qualquer culpa pela greve, reforçando, como tem feito desde o início, a responsabilidade negativa para os docentes. Na mensagem, dizia: “das 5 reivindicações dos professores, 4 foram atualizadas. O SINDICATO/CUT (fez questão da caixa alta) abandonou as negociações. Justiça decretou greve ilegal”. 
 
O torpedo só não revelava que Luciano Rezende se negou durante todo esse tempo a conversar com os professores desde o início da paralisação e muito antes disso. São quatro anos sem reajuste. Numa mensagem de resposta, divulgada na fanpage do movimento paredista, pais questionam a postura do poder público: “Não autorizei a prefeitura enviar fake news para o meu telefone. Avisem ao senhor prefeito que o povo não é bobo e que estamos do lado dos professores e contra os cortes da Educação”, era o tom de revolta de uma das mensagens.
 
Sem conseguir resolver o problema, o destempero de Luciano piorou nos últimos dias. Uma das gotas d’águas teria sido um vídeo divulgado nas redes sociais, gravado no dia 12 deste mês, em que Rezende, depois de deixar os professores plantados na chuva em frente à prefeitura, foi vaiado e chamado de “mentiroso” em plena Orla de Camburi. O momento, que seria de festa para anúncio de uma obra, acabou melando pro lado de Rezende… 
 
O prefeito poderia ter evitado tal situação constrangedora, caso tivesse tirado um tempo para ouvir e dialogar com os docentes. Nada tão difícil de se fazer e que seria uma demonstração de respeito com a categoria responsável pela formação de novas gerações de munícipes e que apenas luta pelo direito constitucional da revisão anual dos salários. Direito, não favor, que fique claro!
 
Já em débito com os professores e servidores há quatro anos, Luciano foi além. Resolveu radicalizar, acionando a Justiça para dizer que o movimento é ilegal. Mas medidas drásticas mesmo vieram à tona nessa segunda-feira (23), quando as retaliações ganharam ar de ameaça, autoritarismo e violência institucional, forçando o fim de um movimento justo e necessário.
 
Na lista, demissões sumárias, contratações emergenciais de professores substitutos, centenas de professores que receberam seu contracheque antecipadamente, informando o corte de ponto de 30 dias, com vencimentos equivalente a menos de 80% dos salários; convocação para retorno imediato às salas de aula, além de ameaças de Processos Administrativos Disciplinares (PADs) por abandono de cargo público. 
 
A verdade é que, neste mandato, a vida de Luciano Rezende, definitivamente, não tem sido nada fácil. Reeleito prefeito de Vitória em 2014, com 51,19% dos votos válidos, perdeu por muito pouco para o seu adversário, então Solidariedade e hoje PRB, Amaro Neto, que teve 48,81% dos votos válidos. A eleição na Capital teve ainda 13,29% de abstenção, 2,42% de votos brancos e 5,20% de nulos. Ou seja, Luciano pode ter até se considerado vitorioso no pleito, mas assumiu a prefeitura longe de ser unanimidade e com enorme rejeição da população. 
 
De lá para cá, foi queda livre. Em um cenário tão adverso, mais inteligente seria Rezende ter abaixado a guarda logo no início, buscando soluções democráticas para resolução dos conflitos provocados por sua própria gestão. Teria evitado, certamente, muitos desgates. O preço, agora, é alto.

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