domingo, julho 13, 2025
16.9 C
Vitória
domingo, julho 13, 2025
domingo, julho 13, 2025

Leia Também:

Governo de vitrine

No final deste mês Paulo Hartung completa um ano e meio de governo. Mais de um terço do terceiro mandato já se foi e a população capixaba ainda não sentiu nem sinais da prometida “chacoalhada” que recolaria o Espírito Santo no caminho do desenvolvimento. 
 
Um balanço restrito às três áreas geralmente consideradas vitais para quase todos os governos – saúde, segurança e educação – revela que a gestão Paulo Hartung rigorosamente não entregou nada do que prometera durante a campanha à população. Isso também é conhecido como estelionato eleitoral. 
 
A “chacolhada” de Hartung prometia, sobretudo, grandes investimentos na área social. Os investimentos não vieram. A saúde piorou em relação ao governo anterior. A estratégia é passar a gestão da saúde para as mãos das Organizações Sociais (OSs), reduzindo o número de servidores contratados via administração direta e escolhendo o tamanho do Estado – é o governo do Estado mínimo. Na ponta do atendimento, a população segue se queixando da qualidade dos serviços. Pacientes em filas à espera de atendimento, “internados” nos corredores dos hospitais ainda são cenas rotineiras na rede estadual de saúde.
 
Na educação foram prometidos grandes investimentos para melhorar a qualidade do ensino público. A revolução que Hartung anunciava fazer na educação em artigos de jornais antes de assumir o governo não saiu do papel, se resumiu ao “programa-vitrine” Escola Viva, que funciona hoje em menos de uma dezena de escolas e estálonge de resolver os problemas estruturais da educação.
 
Na segurança a estratégia também é criar vitrines reluzentes. Os investimentos feitos pelo governo anterior permitiram que Hartung colhesse os resultados sem fazer esforço. Embora os índices de homicídios do Espírito Santo ainda sejam um dos mais altos do País, houve uma redução que já serve para exibir na vitrine. 
 
Sem investimentos, as polícias se queixam da pauperização do setor, com racionamento de combustíveis, delegacias caindo aos pedaços e serviço de perícia do século passado – só para registrar alguns problemas mais graves. Apesar da situação caótica, a estratégia na segurança também é vender  ilusões. A publicidade se encarrega de dourar a pílula. Exemplo recente é a campanha #CompartilheoBem, de combate à violência. Lançada nessa segunda-feira (13), a campanha “pretende” transferir para o cidadão a responsabilidade de agir com o espírito da cultura de paz, obviamente, sem contrapartida governamental. Se investe pesadamente em publicidade para vender uma ideia subjetiva sem efetividade alguma, mas que cria a sensação que o governo está trabalhando “duro” para conquistar esses números na segurança.
 
Mas a cereja do bolo desse governo de vitrine vem sendo construída em cima de um mote ainda mais inusitado. Paulo Hartung está tentando transformar a política de austeridade em entregas. Chega a ser irônico, o governo paralisa obras, corta investimentos, nega reposições aos servidores públicos, mas tenta transformar a estagnação da gestão em marca positiva do seu governo. Gastando um bom dinheiro com assessorias de primeira linha, Hartung tenta convencer o País que tem a receita perfeita para enfrentar a crise econômica. A transferência da secretária da Fazenda Ana Paula Vescovi para a chefia do Tesouro Nacional é o troféu de Hartung que funciona como “sucesso” desse modelo. Um governo vazio por dentro, mas que ostenta uma reluzente embalagem. 

Mais Lidas