O momento não é o mais apropriado para o debate político. Uma tragédia que vitimou 11 pessoas deveria unir a classe política na busca da solução para o imbróglio da BR-101, mas está servindo para demarcar o território de entre as principais lideranças políticas do Estado, tornando o cenário cada vez mais polarizado e tenso entre o governador Paulo Hartung (PMDB) e a senadora Rose de Freitas (PMDB), deixando no meio disso tudo, prefeitos, vereadores, deputados, etc.
Mas o debate sobre a BR-101 não é o único balizador dessa disputa. A situação é tão acirrada, que a pequena e pobre Água Doce do Norte, um município que nunca foi a menina dos olhos do governo do Estado, ganhou um status de território a ser disputado, mais ou menos como Madagascar ou a Groelândia no tabuleiro do War (lembram daquele jogo de conquista de territórios da década de 1980?).
Na festa da cidade, no último fim de semana, a senadora Rose de Freitas fez uma reunião com lideranças políticas e foi muito bem-recebida pelo prefeito Paulo Márcio (DEM). Nessa terça-feira (12), em uma solenidade no Palácio Anchieta para a assinatura de ordem de serviço para a construção de pontes em vários municípios do Estado, o governador deu o troco da senadora. Convocou o Paulo Márcio para fazer falar em nome de todos os prefeitos presentes na cerimônia.
O prefeito ficou tão constrangido quanto a deputada Raquel Lessa (SD) no encontro de Rose em Água Doce – dizem que ela fugia dos fotógrafos o tempo todo. A ação do governador Paulo Hartung mostra que Rose de Freitas que até aqui era vista como uma “adversária preferencial” do governador para a disputa próximo ano, está causando preocupação. Talvez seu poder de aglutinação seja maior do que o governador pensava e talvez, sua possível candidatura traga risco para o projeto político do governo.
Tudo isso mostra que A risca de giz entre Hartung e Rose de Freitas já foi marcada no chão. Agora, cabe à classe política escolher um lado para lutar.
Aí ganha holofote aquelas lideranças que querem permanecer sobre a linha, como o senador Ricardo Ferraço (PSDB); o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), alguns deputados federais, entre outros. Não vai dar pra ficar neutro nessa guerra. Por enquanto, podem até empurrar com a barriga, mas não vai ser possível se omitir por muito tempo.
Fragmentos:
1 – Sobre a coluna dessa terça-feira (12), o deputado Sérgio Majeski (PSDB) disse que não acreditava que teria assustado alguém com a possibilidade de disputar a eleição ao Senado. Assusta sim, deputado, e não só quem vai disputar o Senado. Assusta muita gente, inclusive, no Palácio Anchieta.
2 – A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (13), o requerimento do deputado federal Sergio Vidigal (PDT) para realizar uma audiência pública com o objetivo de discutir a crise financeira das Universidades Públicas Federais. A data do encontro ainda será definida.
3 – Estranha a relação da Assembleia Legislativa com a Cesan. Dia desses, alguns deputados queriam cadeira para os diretores da empresa e agora ela vai ser homenageada por outros parlamentares. Foram superadas as diferenças?