Está cada vez mais claro que o governador Paulo Hartung (PMDB) vai mesmo disputar o Senado. Não propriamente pelo o que ele anda soltando por aí, mas pela trajetória temerária sinuosa do seu atual período de governo, somando-se à imperícia na rejeição das contas do ex-governador Renato Casagrande (PSB) na Assembleia Legislativa, que abateria, de vez, o seu mais perigoso adversário numa disputa para o governo em 2018.
Nesse caso específico da rejeição das contas de Casagrande, até que Hartung armou muito bem quando colocou o líder de seu governo, deputado Gildevan Fernandes (PMDB), na presidência da CPI dos Empenhos, e a relatoria não mãos do deputado Euclério Sampaio (PDT).
Mas Euclério, na hora agá, deu a volta por baixo, não incluindo o ex-governador entre os indiciados no relatório final da CPI . Preferiu atribuir a falta de empenhos a cinco ex-secretários do governo socialista. Justificativas para o Euclério agir do jeito que agiu é que não faltam na sua relação com o governo. Passou para o lado dele confiando de que receberia tratamento de parceiro pelos trabalhos que andava fazendo em favor do Palácio Anchieta na Assembleia.
Político que sobrevive pelas repercussões de suas denúncias, como a que conduz há tempo contra as tarifas da Terceira Ponte, Euclério não esperava que elas disparassem no governo que passou a apoiar. Pois com essa da Terceira Ponte, foi-se a possibilidade dele candidatar-se à prefeitura de Vila Velha.
Hartung matou as galinhas dos ovos de ouro do Euclério, mas tomou o troco na hora certa. Pois para reeleger-se deputado estadual, Euclério não precisa de PH, mas de uma mãozinha de Casagrande, que foi o mais votado para o governo nas últimas eleições na Grande Vitória.
Troco à parte, a verdade é que não será só por conta desse episódio das contas do Casagrande que PH está jogando a toalha da reeleição. Melhor que qualquer outro, ele sabe que essa história de saneamento financeiro do governo, que vende lá fora como arte de um grande economista, é estória pra boi dormir.
Não vai ficar cantando de galo por muito tempo. O futuro não será leve para o seu governo, vai fechá-lo no aperto financeiro. Agora imaginem mais quatro anos de aperto. Só um desajuizado. Isto ele nunca foi.
Ele vai ter mesmo que concorrer ao Senado, entregando o governo ao seu vice César Colnago (PSDB). A quem caberá a tarefa de eliminar entre o senador Magno Malta (PR) e o senador Ricardo Ferraço (PSDB), quem lhe cederá a vaga.
Levando-se em consideração que Colnago, na cadeira de governador vai querer reeleger-se, quem irá para o sacrifício não é outro que não o senador Ricardo Ferraço, que também é do PSDB. O senador Magno Malta contribuirá com o eleitorado de baixa renda, que nunca foi a missa de PH e muito menos de Colnago.