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Hartung desdenha da Assembleia

É incrível como a posição de alguns poucos deputados na Assembleia Legislativa, com coragem para questionar o governador Paulo Hartung (PMDB), é capaz de fazer toda a diferença e causar uma dor de cabeça enorme para o governo. 
 
Esse desgaste tem sido recorrente, sessão após sessão, devido à insistência dos deputados Sandro Locutor (Pros) e Sérgio Majeski (PSDB), que não abrem mão de cobrar as informações solicitadas à equipe de Hartung que seguem sem resposta. 
 
Locutor, depois de perder a paciência com os secretários Octaciano Neto e Paulo Ruy Carnelli, respectivamente Agricultura e Transporte, recorreu ao Ministério Público para obter as informações que pleiteava havia mais de seis meses. Funcionou. As informações finalmente chegaram, mas a estratégia dos secretários foi complicar, e não esclarecer as questões suscitadas. 
 
Para se ter uma ideia de como é possível “torcer” a informação, esta semana Locutor pediu ajuda à Mesa Diretora para “traduzir” a documentação enviada pela Secretaria de Transportes, que abusou dos termos técnicos com a intenção de deixar o deputado na mesma, ou seja, nas trevas. Agora ele tem a informação, mas não tem conhecimento técnico para interpretá-las.
 
Todo caso, ao perceber que o colega obteve sucesso em conseguir as informações via MPES, Majeski, que coleciona uma dúzia de pedidos sem respostas, alguns prestes a fazer aniversário, partiu para a mesma estratégia. Nessa terça-feira (10), o deputado denunciou, numa só tacada, seis secretários ao MPES por crimes de responsabilidade. Os secretários que negligenciam os pedidos são: Haroldo Correa Rocha (Educação), Andréia Lopes (Comunicação), Octaciano Neto (Agricultura), Paulo Ruy (Transportes), Ana Paula Vescovi (Fazenda) e André Garcia (Sesp).
 
Os pedidos de informações públicas, que ganharam força com a Lei de Acesso à Informação (LAI), que completa quatro anos agora em maio, é uma novidade para Hartung, que sempre foi um notório sonegador de informações. Não só sonegava como também escondia, além de ser um mestre na arte de maquiar as informações que queria tornar públicas, à sua maneira. 
 
Embora a LAI ajude a exercer uma pressão a mais sobre o governo e sua equipe, o fato de uma meia dúzia de deputados com coragem para pressionar faz toda a diferença. Em outras tempos, quando a Assembleia era completamente dominada pelo governador Paulo Hartung, ninguém ousava insistir como uma demanda com o poder de tirar o governador do sério.
 
É importante esclarecer que a decisão de sonegar informações aos fiscais do povo não parte dos secretários. Como todos sabem, a equipe de Hartung não faz nada sem a anuência do chefe, extremamente centralizador.
 
Essa decisão de manter as informações públicas a sete chaves é de inteira responsabilidade do governador. Posição, registre-se, de um governante retrógrado, desalinhado a esses novos tempos em que a sociedade já entendeu — e a Lava Jato é prova disso — que a transparência é hoje a principal ferramenta de combate à corrupção. Se um governante esconde informações, dá margem para que suspeitemos de sua conduta. 

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