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Homenagem póstuma tardia

Hoje, às vésperas de mais um fim de ano, faço questão de homenagear um radialista morto há quase dez anos na Bahia. Conto com apoio do Blog do Gusmão para o texto abaixo:
 
O radialista Paulo Rogério Argollo, apesar de cego desde os 10 anos de idade, tinha uma vida ativa. Depois de ficar cego, resolveu ir vender enciclopédia. Torcedor do Bahia, acompanhava os jogos do seu time pelo radinho à pilha, como fazia também em todas as Copas.
 
Era faixa marrom de judô e ensinava o esporte no Instituto de Cegos. E mais. Foi campeão brasileiro de xadrez, jogando com pessoas que enxergavam. Era um sujeito ímpar.
 
Trabalhou na Rádio Sociedade da Bahia, quando foi afastado pela censura na época da ditadura. Nos anos 80, foi para Itabuna e conseguiu trabalhar nas emissoras Rádio Jornal e Difusora, ambas daquela cidade.
 
Cego, mas mostrando sua competência, se tornou diretor das rádios Santa Cruz de Ilhéus, Rádio Jacarandá e Rádio Mundial de Eunápolis. Tentou ser político, se candidatando a vereador por Eunápolis e mais tarde por Ilhéus. Não se elegeu. Seu slogan provocador era: ”Um homem de visão”
 
Dizem que antes de morrer fazia um programa de estrondosa audiência na Rádio Jacarandá de Eunápolis. Argollo fazia piada com sua própria condição de cego quando falava: “Fulano, eu vi você na porta da casa do prefeito. Ou então quando afirmava. ”Não adianta mentir, pois eu vi com esses olhos que a terra há de comer”.
 
Não tinha papas na língua. Aliás, era audiência garantida em todas as rádios pelas quais passou por causa do jornalismo verdade que fazia. Em 1989 chefiou a equipe de esporte da Rádio Jornal de Itabuna na Copa América em Salvador.
 
Antes de seu falecimento teve que amputar parte da perna direita e mesmo assim continuou a trabalhar. Sustentava cinco filhos e a fiel e dedicada esposa Gracinha. Paulo gravou um CD de poesias e crônicas para poder comprar uma prótese com a venda do disco. Mas acabou não acontecendo
 
Um de seus filhos o homenageia todos os anos na data de 28 de abril, dia que se foi. Fala da amizade que tinha pelo pai e evoca o poema de Bertold Brecht:
 
Há homens que lutam UM DIA e são BONS;
Há outros que lutam por UM ANO esses são MELHORES;
Há aqueles que lutam por muitos ANOS e são MUITO BONS;
Porém, há os que lutam por toda uma VIDA, esses são IMPRESCIDÍVEIS. 
Paulo Rogério era imprescindível
 
PARABÓLICAS
 
Gazeta faz anúncio de uma página sobre os 30 anos da AM, mas atos para marcar o evento, nada.
 
Bons tempos em que Magno Lovatti era garoto propaganda do governo do Estado
 
Saíram umas cinco rádios comunitárias para o ES. Cada vez que passa, infesta mais. Sou contra.
 
Um grande nome do rádio abandonou de vez o setor, Mauro Lúcio Nascimento atua em áreas mais sérias, como o MPES.
 
MENSAGEM FINAL
 
A vida real começa com a abnegação. Thomas Carlyle
 

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