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Jogando com a crise

O jornal O Globo publicou nesta terça-feira (6) uma reportagem de página inteira ( a reportagem foi replicada na página do PSDB) sobre os cortes de gastos que estão sendo feitos pelos governadores recém-empossados. Com o título “Tesoura afiada”, o diário carioca faz um levantamento em 13 estados e no DF, sobre as medidas para enxugar as despesas públicas.
 
Paulo Hartung (PMDB) aparece na reportagem entre os governadores que estão dispostos a pôr um freio nos gastos. O governador capixaba afirmou que 4,8 mil dos 24 mil servidores temporários serão demitidos. Ele também prometeu reduzir em R$ 35 milhões a folha referente aos cargos comissionados, que hoje, segundo ele, consome R$ 200 milhões mensais. No pacote, também aparecem os cortes com viagens, horas extras, solenidade e até cafezinho. Além da suspensão de aditivos contratuais e novas licitações pelo prazo de 60 dias. 
 
A reportagem deixa claro que os cortes não significam que o governador eleito herdou o caixa no vermelho. A promessa de uma gestão austera tem sido a tônica dos discursos da maioria dos governadores para enfrentar a crise prevista para este ano. 
 
Quase todos os governadores ouvidos pela reportagem prometeram demitir comissionados e temporários, reduzir ou cortar despesas com viagens e hospedagens, suspender licitações, extinguir secretarias etc. Ou seja, Hartung não está propondo nada de diferente.
 
Exceção do Distrito Federal, que está praticamente quebrado — o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tem apenas R$ 64 mil em caixa para pagar uma folha de R$ 1,6 bilhão —, os outros governadores deixam claro que vão seguir a mesma receita de fechar os cofres para enfrentar a crise.
 
As medidas saneadoras tampouco são uma exclusividade dos que se elegeram no ano passado. Mesmo os governadores reeleitos anunciaram que vão passar as contas na guilhotina. É o caso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O tucano anunciou, entre outras medidas, que pretende cortar 15% dos comissionados, que ele mesmo contratou. 
 
Para os especialistas, os cortes que vêm sendo anunciados pelos governadores refletem o discurso do governo federal que, frente ao cenário econômico mundial, prevê um 2015 de arrocho para a União, estados e municípios. Não é novidade para ninguém que a crise tem efeito cascata.
 
Hartung, porém, após anunciar as medidas ao jornal, explicou por que os cortes são necessários. Ele aproveitou para repetir o discurso do caos, que vem fazendo desde a campanha eleitoral. “Perdemos a capacidade de investimentos com recursos próprios. Estamos ajustando as contas para conseguir um equilíbrio fiscal”. Hartung deve ter despejado o restante do arsenal de críticas à gestão de Casagrande, mas o jornal carioca, percebendo que as declarações fugiam do foco da reportagem, deve ter cortado o restante da fala do governador capixaba.
 
As declarações oportunistas deixam claro que Hartung continua focado na sua missão de destruir Renato Casagrande e desconstruir seu governo. 
 
Admitir que pretende fazer cortes para enfrentar a crise que se avizinha, seria o discurso correto e esperado de um governante honesto e justo. Hartung, no entanto, distorce os fatos para jogar o pacote de austeridade na conta de Casagrande. 
 
Ele quer mostrar à população que o sacrifício é o preço a ser pago pela “gestão incompetente” de Casagrande. 

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