O governador Paulo Hartung fica brincando de pique-esconde com a imprensa, dizendo ora que o seu sucessor é um secretário, ora é outro. Cita fulano, cita sicrano, e por aí vai. A verdade é outra: o seu candidato à sucessão, primeiro, é ele mesmo, mas só se conseguir as condições ideais para isso. PH não é de entrar em fria.
Quando se refere aos secretários, ele joga vários nomes no ar, mas não fala que, praticamente, entregou o poder ao secretário de Agricultura, Octaciano Neto. É só olhar o volume de atividades de poder que está com ele.
Vejamos: quem constrói barragens no interior, que dá voto, é Octaciano. Quem está com o programa Caminhos do Campo (estradas), é Octaciano. Quem leva as antenas de telefonia móvel para o interior, também é ele. E, ainda, é quem distribui equipamentos agrícolas e produz emprego no interior.
E não para por aí: até uma igreja que precisava de reforma em Conceição da Barra, quem deu o dinheiro foi Octaciano. A mesma coisa em Bom Jesus de Itabapoana, precisou de museu, quem deu a grana foi ele.
Será que é um mero regente do processo de reeleição de Hartung ou Octaciano é verdadeiramente o regra três de PH para o governo? Eu ainda continuo achando que temos um regra dois, o vice-governador, César Colnago (PSDB).
A situação mostra como PH está preparadíssimo para dar prosseguimento com um ou outro, ao seu controle do poder no Estado. Octaciano não é nenhum citadino atuando no interior. Ele é do interior. Sabe onde as corujas dormem.
Há algum tempo, quando a questão eleitoral ainda nem estava aberta, Octaciano chegou à imprensa capixaba dizendo que queria ser candidato ao governo. Não foi ninguém quem disse por ele, foi o próprio.
Naquela época, passou despercebido, como se fosse uma ousadia ou uma alucinação de uma pessoa que estava entrando em uma secretaria de governo. Mas parece que ele faz parte das chamadas armadilhas políticas de PH. Tanto que, agora, o povo de Hartung fez um barulho enorme para colocá-lo no PSDB, partido de enorme influência no processo eleitoral. E conseguiu.
Eu acho que Octaciano, com este mundo de coisas que ele domina pelo interior do Estado, no mínimo, será eleito deputado federal. Quer dizer, está com a vida ganha.
Se for candidato ao governo, ganhando ou perdendo, vai para o andar de cima da política capixaba, devido a essas raízes que está plantando por aí afora.
Isso porque, este páreo para o governo do Estado tem muitas inconveniências para a manutenção do controle da política por PH. Tem Renato Casagrande (PSB) tentando construir um caminho para o governo. Tem Rose de Freitas (PMDB), que está perigosíssima, e que PH desde que é político tenta destruí-la, sem sucesso. Acho até, que é nela que reside o maior perigo para o governador.
Nunca excluo do páreo o deputado estadual Sergio Majeski (PSDB), quanto mais agora, que começou a se movimentar em Brasília para conversar com cúpulas de partidos. Ou, talvez, a intenção seja mesmo o Senado.
Voltando a PH, esses secretários todos que ele coloca em condições de sucedê-lo, na verdade, se resumem a apenas um, que não está na lista com a qual PH vem entretendo a imprensa: Octaciano Neto.
