Ainda no processo eleitoral de 2014, Hartung criou uma condição política para pavimentar não só sua vitória, mas também para garantir sua governabilidade. O subjetivo discurso da crise serve para tudo e fortalece essa ideia de que o governador tem a solução mágica para o Estado.
Serviu para desconstruir a imagem de Renato Casagrande, serviu para criar o cenário de descontrole da crise e da necessidade de se dar uma carta branca para o governo “recolocar o Estado nos trilhos”. Serviu também para dar um nó nos servidores, serviu para não dar recursos para os prefeitos e para não dar continuidade às obras que teria de dividir a paternidade com seu antecessor, Renato Casagrande (PSB).
E quem tentou se colocar contrário a isso está pagando com o peso da opinião pública. Quando pressionado pelo Judiciário, o discurso da crise serviu para colocar a população contra o Poder. É claro que neste caso o discurso é fácil, já que a situação é esdrúxula.
Quanto aos servidores, o jeito foi engolir o discurso da crise, afinal o cenário é maniqueísta. Quem está contra Hartung está contra o Espírito Santo, já que ele teria a solução para crise. Mas a coisa não é bem assim.
Lá atrás ele já percebia a crise chegando e se mostrou muito hábil para se apropriar do discurso, movimentando-o para o onde precisava. Esse discurso vai servir também para ele criar a imagem de que ele, como bom gestor, tirou o Estado do buraco e se tornou um exemplo para o País.
Agora, o discurso serve para mostrar que o Estado começa a mostrar condições de sair da crise, graças à excelência na gestão. Na verdade não é bem assim. Quando diz que o Estado não é um patinho feito, é mais uma forma de Hartung usar o discurso da forma que quer. Na verdade, o alto PIB do Espírito Santo forjado pelo modelo industrial do Estado, sempre criou uma artificialidade nos dados, que sempre foi prejudicial na hora de buscar recursos, mas que agora serve para criar um cenário artificial de recuperação. Tenha dó!
Fragmentos:
1 – Anunciar que não vai ter abono no dia seguinte ao Dia do Servidor Público foi um golpe duro no funcionalismo do Estado. Será que vai ficar assim?
2 – Hartung recupera Fernando Henrique Cardoso para falar sobre o impeachment proposto para a presidente Dilma Rousseff. Mas como um impeachment pode vir de forma “natural”?
3 – Os possíveis adversários do prefeito de Cariacica, Geraldo Luiza, o Juninho (PPS), estão fazendo a festa com essa história de ele se disfarçar para acompanhar os serviços em uma unidade de saúde do município.