Afinal de contas, de quem é a responsabilidade pela manutenção do relógio da Praça Oito, uma das maiores referências da cidade de Vitória?
A pergunta é procedente e, ao contrário do que parece, tem muito a ver com uma avaliação das gestões do governador Paulo Hartung e do prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS).
Os dois disputam passo a passo atribuições próprias de suas administrações, desde que romperam definitivamente, quando o prefeito sentiu que o governador não atendia a seus acenos para uma reconciliação.
Em consequência, se repetem atrasos na solução de problemas que tocam diretamente o cotidiano das comunidades. E o relógio da Praça Oito não é a única questão.
Outra, mais grave, está relacionada aos esgotos, que desaguam na baía e poluem as praias. A Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) joga a responsabilidade para a Prefeitura, que adevolve. Enquanto isso, a solução fica cada vez mais distante.
Disputas de competências à parte, as duas lideranças só têm em comum a ausência de obras de peso, exceções as que são utilizadas em peças de marketing.
Nesse quesito, o governador leva vantagem: enquanto Luciano permanece parado entoando a cantilena de crise, Pulo Hartung joga pesado na propaganda, inclusive em nível nacional, e ganha.
Afinal de contas, 2018 está à porta, é preciso garantir o lugar no cenário político. Com o sonho de chegar ao Palácio Anchieta desfeito, Luciano se ressente do golpe e mira na sua sucessão.
É que, a essa altura, Luciano não tem muito mais o que fazer, pois até mesmo o protagonismo que ele sonhava ter entre os prefeitos da Grande Vitória sucumbiu.
O projeto de mobilidade urbana gorou e o desejo de liderar a implantação do transporte aquaviário, anunciado no primeiro mandato, também não deu certo.
As lanchas devem começar a circular na baía de Vitória no início do próximo ano, mas os atores envolvidos são outros e Luciano só entra de passagem.
Paulo Hartung, mais ousado, busca romper barreiras e se lança no cenário nacional, se fortalecendo por meio de novas alianças. Luciano administra disputas internas de seus secretários.
Na falta do que apresentar, concretamente, à população, ambos se sustentam na maquiagem da publicidade paga a preço de ouro.