A presidência da Assembleia caiu novamente no colo de Theodorico Ferraço (DEM) e do governador Paulo Hartung (PMDB) por um erro de leitura do cenário pelos deputados estaduais que formaram um bloco independente. No afã de se defender do domínio do Executivo, os deputados cometeram erros estratégicos e acabaram por se colocarem ainda mais sob o controle palaciano.
Entenderam que a maior ameaça da independência da Assembleia era Guerino Zanon (PMDB), aliado de Hartung que seria o candidato do governador e que seria imposto aos deputados. Entenderam que uma PEC permitindo a reeleição para a presidência da Casa poderia ser um trunfo para que pudessem reivindicar participação no processo de escolha do presidente.
Os deputados acreditaram que Ferraço, em condições de se reeleger, poderia ser um nome em condições de estabelecer uma relação horizontal com o governador, mantendo a independência do Legislativo e fortalecendo o plenário. Todas essas leituras foram equivocadas e agora o grupo que pregava a independência saiu enfraquecido do processo.
Ferraço manteve uma relação horizontal com Renato Casagrande (PSB) eivada de questões que extrapolavam a relação institucional, como a retirada do nome do filho dele, Ricardo Ferraço (PMDB) da disputa ao governo em 2010, movimento que Ferraço nunca engoliu.
Mas com Hartung, a conversa é outra. Os dois são aliados de longa data. É só lembrar quem foi o autor do dossiê contra o governo José Ignácio que abriu caminho para que Hartung criasse seu discurso de “faxina ética”, em 2002.
Hartung e Ferraço têm uma relação política respeitosa, mas isso não passa pela articulação entre os representantes dos poderes. Ferraço tem seus interesses políticos e Hartung sabe lidar com o presidente da Assembleia. Ferraço sabe também até onde pode negociar com Hartung e a Assembleia não tem nada a ver com isso.
Fragmentos:
1 – Com a recusa do deputado federal reeleito Carlos Manato (SD) em aceitar o cargo de secretário de Esportes, o governador Paulo Hartung retorna à sala de pranchetas, na difícil engenharia de encaixar Norma Ayub (DEM) na bancada federal.
2 – Desde a reação da bancada do PMDB, à intempestiva candidatura do senador Ricardo Ferraço (PMDB) para enfrentar Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador mergulhou em águas profundas.
3 – Como será que os conselheiros do Tribunal de Contas vão se debruçar sobre as obras que seriam condicionantes da Rodosol, mas que foram realizadas pelo governo do Estado?