A saída de Guerino Balestrassi do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), logo em seguida a passagem demolidora do secretário-geral do PSB nacional, Carlos Siqueira, pelo Estado, é outro golpe em cima da candidatura à reeleição do governador Renato Casagrande.
Só que o golpe da nacional do PSB foi deflagrado em resguardo da candidatura presidencial do partido do governador pernambucano Eduardo Campos. Que não é ocaso do golpe de Guerino. O dele foi inoportuno e traiçoeiro do ponto de vista político.
Guerino aparece na entrevista publicada nesta terça (30) em A Gazeta justificando a sua saída do Bandes ao seu projeto de candidatar-se a algum cargo em 2014, inclusive ao governo do Estado. Praticamente cercou o campo para a reeleição do governador Renato Casagrande, além de abrir enorme espaço para o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) operar a eleição.
PH vai poder dispor agora de um estrepe para a candidatura ao governo do senador Ricardo Ferraço (PMDB). E consolida o controle dele sobre o PMDB e o PSDB, colocando à sua disposição uma cadeira no Senado.
A jogada é realmente muito abrangente. Pois Guerino não é simplesmente um ator político, ele é hoje uma figura que sai de uma presidência de um Banco de Desenvolvimento, onde teve convivência com grande parte do empresariado capixaba. Com os quais, inclusive, contou para bancar algumas candidaturas à prefeitura nas últimas eleições municipais.
Guerino sai, mas não leva com ele, como devia, os demais hartunguetes que ocupam cargos no governo, pois o seu gesto não permite outro entendimento do que não uma ruptura política. Levando em consideração ainda que o governador Renato Casagrande, por ocasião da formação do governo, entregou os cargos mais vantajosos ao grupo do Paulo Hartung.
Tornou Hartung sócio majoritário do governo. Pois PH ficou com o filé mignon: Cesan, Bandes, Banestes, fora duas secretarias (uma com Robson Leite e outra com a cunhada de Paulo, Ângela Silvares). E mais André Garcia e um bando de gente que permanece na máquina do atual governo.
Passados mais de 30 meses de governo, não há elementos claros para decifrar o enigma que está por trás da relação entre Casagrande e Hartung. Uma relação um tanto desequilibrada, na qual um bate e o outro só apanha.