Providencial a ida do deputado Euclério Sampaio ao posto fiscal (virtual) de Mimoso do Sul. Na sessão da última segunda-feira (18) da Assembleia Legislativa, o pedetista afirmou que iria pessoalmente ao local para comprovar se havia de fato algum sinal de construção. Ele chegou a dizer que se chegasse em Mimoso e encontrasse o posto em pé, que teria humildade para se desculpar do equívoco.
Nesta quinta-feira (21), como prometera, Euclério percorreu os 180 km que separam a Capital de Mimoso do Sul, quase na divisa com o Estado do Rio de Janeiro, para tirar tudo a pratos limpos. Chegando ao local, o deputado não encontrou nenhum vestígio de posto. Não havia um tijolo sequer para contar a história dos outros. Asfalto? Só na BR 101, às margens do posto.
As imagens, na reportagem publicada nesta quinta-feira (21) em Século Diário, dizem tudo. O pedetista encontrou um grande descampado cercado de mato por todos os lados. O pedetista pôde ver com seus próprios olhos o espectro de obra que custou R$ 25 milhões aos cofres públicos.
Como disse Euclério, único deputado da Assembleia a defender os interesses da população no escândalo do posto fiscal, o dinheiro desperdiçado poderia ter sido aplicado em saúde, educação ou segurança – três áreas que, por sinal, foram negligenciadas pelo governo Paulo Hartung.
Mas as imagens registradas pelo pedetista revelam ainda outro escândalo. Diversos montes de um material que se assemelha a um pó de brita ou algo que o valha, dão margem para deduzir que uma grosseira maquiagem estava sendo preparada para tentar amenizar os impactos do escândalo.
Observando as imagens com atenção, é possível perceber que o material foi depositado no local nas últimas horas, pois não houve tempo para a ação do vento ou das chuvas redesenharem as montanhas.
Por que aquelas montanhas foram despejadas no local logo após a denúncia vir à tona? A resposta mais plausível para o enigma é que “alguém” tinha ou tem a intenção de espalhar o material sobre a terra batida para conferir um aspecto de conservação ao local. Após uma boa patrolada, o material de coloração “cinza asfalto” poderia dar outra “vida” à área abandonada por Hartung e Cia.
Isso amenizaria as críticas ao ex-governador Paulo Hartung e aos seus dois ex-secretários de Fazenda – José Teófilo e Bruno Negris – que ajudaram a “torrar” os R$ 25 milhões.
A suposta maquiagem, ao proporcionar um aspecto de conservação ao local, daria sustentação ao discurso decorado pelo trio, que disse que não houve desperdício algum de dinheiro público na obra, uma vez que o patrimônio existe e pertence ao Estado.
De fato, como comprovou Euclério, a área existe e está lá para quem quiser ver. Perturbador é firmar a vista no descampado para tentar entender onde o ex-governador “enterrou” os R$ 25 milhões. Enigma que só ele e seus ex-secretários poderão desvendar.