Uma conversa que vem se espalhando nos meios políticos e atinge praticamente todos os municípios é de que os candidatos exitam cogitar a possibilidade de composição com o ex-governador Renato Casagrande (PSB). À boca miúda corre que os candidatos temem as consequencias caso vençam e tenham que lidar com o governador Paulo Hartung (PMDB) contrariado.
Em muitos municípios o desgaste político do governador Paulo Hartung tem transformado Casagrande em um interessante puxador de votos. Muita gente sabe que se o socialista subir no palanque as chances aumentariam. Nas ruas, Casagrande é um bom cabo eleitoral, conhece muita gente, abraça (espontaneamente) todo mundo. Condições que podem ser decisivas numa disputa eleitoral. Mas o que pode acontecer depois é o que está preocupando as lideranças políticas.
Ainda vive no imaginário popular o relacionamento conturbado de Hartung com o deputado federal Max Filho (PSDB) no período em que ele foi prefeito de Vila Velha e teve de administrar uma das maiores cidades do Espírito Santo sem qualquer apoio do governo do Estado.
Sofreu ainda um cerco político que quase o deixou sem partido para disputar as últimas eleições. Nem mesmo o PSB, de Renato Casagrande, lhe deu abrigo, já que o ex-governador naquele momento era aliado, ou pelo menos, achava que era, de Hartung.
A justificativa para evitar a aliança com Casagrande tem sido essa. Os candidatos a prefeito, mesmo sabendo que Hartung não vai subir em seus palanques – e ainda que subisse, a popularidade e o traquejo do governador com o público não transferem votos, todo mundo sabe –, preferem fazer acordo de fidelidade ao Palácio Anchieta para evitar perseguições futuras.
O maniqueísmo que Hartung impõe à classe política traz medo aos prefeitos que obtiverem êxito nos pleitos com o apoio de Casagrande. Os prefeitos que vencerem a eleição já sabem que terão de assumir prefeituras sem recursos por causa da crise. Sem o apoio do Palácio Anchieta será muito mais difícil. Mas, para que consigam esse apoio vai ser necessário que o governador Paulo Hartung abra o cofre o Estado, o que ele não parece estar disposto a fazer para ajudar nem os aliados mais fiéis, quem dirá os desafetos.