Quando o escândalo do “Posto Fantasma” de Mimoso do Sul veio à tona, a turma do abafa se mobilizou para desclassificar a denúncia que acertava em cheio a gestão do ex-governador Paulo Hartung, que até agora não explicou como ele e sua equipe deram fim a R$ 25 milhões, dinheiro público que desapareceu na obra que nunca saiu da fase de terraplanagem.
Em março, o deputado Euclério Sampaio (PDT) foi verificar in loco se havia algum vestígio do posto. O parlamentar não encontrou um único tijolo em pé para contar a história dos outros. Deparou-se com grandes montanhas de pó de brita que, supostamente seriam usadas para “maquiar” o descampado que abrigaria o posto.
A estratégia do ex-governador Paulo Hartung era convencer a opinião pública de que o posto, obviamente, não fora construído, mas a área poderia ser usada para outra finalidade. “Aquela terra pertence aos capixabas e a obra que foi feita pertence aos capixabas”, declarou Hartung ao jornal A Gazeta, tentando justificar o desperdício.
Essa semana, no entanto, a diretora do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-ES), Maria Tereza Sepulcri Casotti, negou a existência de qualquer projeto de edificação para a área onde seria construído o posto fiscal. Ela admitiu, sem escolha, à Justiça estadual que não existe sequer um estudo, no âmbito do DER-ES, para a utilização do espaço.
Além de desmontar a tese de Hartung, a diretora foi obrigada a negar o discurso do governo Renato Casagrande, que chegou a cogitar a instalação de um shopping rural no local.
Versões controvérsias à parte, a verdade é que o processo contra Hartung e mais sete pessoas da equipe do ex-governador continua tramitando morosamente na Justiça. Ainda em março, o juiz havia decidido que só iria se manifestar sobre os pedidos de liminar – como a decretação do bloqueio dos bens do ex-governador e companhia – somente após o recebimento de todas as defesas prévias. Até hoje a Justiça estadual não conseguiu sequer notificar os acusados de participação nas irregularidades.
Os esclarecimentos da diretora do DER-ES demovem os argumentos de Hartung e Casagrande, que tentaram se valer da tese de que o espaço tem serventia para o Estado. Nos bastidores, ambos também se encarregaram de fazer pressão nos deputados para enterrar a CPI do Posto Fiscal, que chegou a ser proposta pelo deputado Gilsinho Lopes (PR), que se esforçou, mas não conseguiu convencer os colegas a assinarem o pedido de CPI.
Em tempos de protestos de rua, seria bastante oportuno que o escândalo do Posto Fantasma entrasse na pauta dos movimentos populares, ao lado da CPI do Pó Preto, também enterrada pela Assembleia, e da auditoria do contrato do governo com a Rodosol.
A pressão das ruas, que já provou que a mobilização popular tem força para passar este Estado a limpo, é o caminho mais curto para desvendar o enigma do Posto Fantasma, que segue assombrando a