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Moção de ocasião

A Câmara de Vila Velha, ao tomar conhecimento que a Assembleia Legislativa, ou parte dela, está disposta a impedir que a Liquiport instale novos tanques de combustíveis em Paul, se apressou para não ficar de fora da briga e ser acusada pela população canela-verde de omissa.
 
Nessa terça-feira (17), os vereadores aprovaram à unanimidade uma moção de repúdio à instalação de cinco novos tanques de estocagem em Paul. Curioso é que uma audiência pública sobre o assunto foi realizada no último dia 9 na Câmara. A moção, portanto, é aprovada quase dez dias após o líder comunitário Paulo César Froes ter denunciado os riscos que os reservatórios representam aos moradores de Paul, Argolas, Morro do Atalaia e comunidades vizinhas à empresa Liquiport.
 
Coincidentemente, o caso que parecia adormecido na Câmara, reacendeu após o deputado estadual Euclério Sampaio (PDT) denunciar o caso na sessão dessa segunda-feira (16) na Assembleia. 
 
Fica a sensação de que a Câmara de Vila Velha, ao constatar que o tema entrou na pauta da Assembleia, se sentiu na obrigação de se manifestar sobre o caso. De última hora, a solução encontrada foi a moção de repúdio que, na prática, não representa medidas efetivas para brecar o projeto de expansão da empresa, que pretende instalar mais cinco tanques de estocagem no local. 
 
A moção serve mais para dar uma resposta à população e mostrar que os vereadores de Vila Velha também estão trabalhando duro para defender os interesses da população. 
 
Chama atenção também que os vereadores trataram com surpresa a denúncia. Ora, os tanques, alguns a poucos metros das casas, estão no local já faz longos cinco anos. Será que os vereadores nunca notaram os enormes tanques ou eles inocentemente achavam que a Liquiport estocava grãos inofensivos no local?
 
Pelo tom da indignação dos vereadores, parece até que os tanques foram instalados em Paul esses dias. É importante registrar que muitos vereadores já estavam na Câmara quando a Liquiport conseguiu as licenças para se instalar em Paul. O presidente da Câmara, vereador Ivan Carlini (DEM), por exemplo, tinha mandato na época em que a empresa se instalou em Vila Velha, mas parece não ter se importado com o problema. 
 
Agora, no entanto, engrossa o coro dos indignados: “Vamos continuar cumprindo nosso compromisso com a comunidade de Paul e cobrar providências junto à Prefeitura Municipal, ao IEMA e aos demais órgãos públicos, sobre a instalação desses tanques de combustível no bairro. Depois, caso seja necessário, poderemos estudar novas ações, propostas e intervenções para continuarmos nesta luta. A Câmara pode ajudar bastante na condução do debate e dos encaminhamentos envolvendo este problema e certamente encontraremos o melhor caminho para embargar essas obras definitivamente e tentar transferir esses tanques de combustíveis para outras regiões de Vila Velha, que não sejam residenciais”. 
 
As ações prometidas por Carlini, sem dúvida, parecem plausíveis e razoáveis, pena que chegaram com cinco anos de atraso. Poderia ter sido tarde demais. Como admitiram os próprios vereadores na moção, a comunidade do entorno corre risco iminente de morte.

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