É bem evidente que a regra para tirar os chamados nanicos dos debates eleitorais tem um endereço certo. Pode parecer uma medida para limpar o pleito, garantindo os partidos que realmente estão na disputa, mas no fundo no fundo é para barrar aqueles que incomodam.
Uma coisa é quando se tem muitos candidatos em um pleito e, por falta de espaço nos estúdios, as emissoras de TV se reservarem o direito de chamarem para o debate os candidatos que acreditam atrair mais o interesse do eleitor.
É injusto, mas é justificável. Outra coisa é dar aos adversários o direito de tirar alguém de um debate, com base em uma regra definida na Câmara dos Deputados em um momento, digamos, pouco democrático da história recente.
E não para por aí. Quem se lembra do brilhante desempenho da candidata ao governo do Estado, Camila Valadão (Psol), nos debates eleitorais de 2014, constrangendo os outros três adversários com apontamentos bem relevantes e desconcertantes para todos, sabe muito bem por que alguns candidatos fazem questão de tirar os partidos pequenos dos programas.
Quem se lembra dos debates, deve lembrar também que ela sempre fazia referência ao candidato do PCO, que por não ter representatividade na Câmara, não era convidado para os debates. Naquele momento, a escolha foi exclusiva das emissoras, que não se sentiam constrangidas por excluir um candidato, mesmo tendo aquele pleito apenas cinco postulantes.
Um partido como o Psol, que tem pouca representação na Câmara, tem poucos recursos, pouco tempo de TV, precisa dos debates para mostrar suas ideias e questionar os candidatos com mais estofo, isso torna o pleito mais justo.
Cheio de contradições como qualquer outra instituição do País, o Supremo às vezes acerta em cheio. A decisão de retirar das mãos dos adversários o poder de excluir um candidato devolve a democracia ao debate.