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Mote político ou tiro no pé?

Com o fim da paralisação da Polícia Militar no último sábado (25), as atenções da população migraram da segurança (ou a falta dela) para a febre amarela. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) recebeu, este ano, 229 notificações de suspeita da doença. Trinta notificações foram descartadas. Do total de 199 casos, 78 casos foram confirmados para febre amarela silvestre. Até quinta-feira (2), segundo a Sesa, 18 pessoas morreram. Há ainda outras 17 mortes sob investigações. 
 
Os casos de febre amarela, sobretudo com as mortes de humanos e macacos – indicador de que a doença está avançando – assustaram a população capixaba, que passou a correr freneticamente atrás da vacina. 
 
O pânico irrefreável tem se agravado em razão do caos nos serviços públicos de saúde. Filas intermináveis, desorganização e muita gente voltando para a casa sem tomar a vacina. 
 
Esse cenário caótico deixa a população vulnerável à doença e, consequentemente, mais insatisfeita com o poder público. Mas isso parece não ter assustado algum prefeitos. Ao contrário, com os cofres vazios, sem nada para entregar à população, muitos prefeitos tentaram transformar a vacinação em um ato político. 
 
Na quinta-feira (2), os prefeitos da Grande Vitória aproveitaram a presença do ministro da Saúde no Estado para ganhar pontos com o eleitorado. Cada um queria mostrar que estava mais preparado que o vizinho para vacinar a população. Mas, na prática, todos deixaram a desejar.
 
O prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), exibiu fotos com o ministro Ricardo Barros em um posto de saúde e exaltou a prontidão do município para garantir cobertura integral à população serrana. Luciano Rezende (PPS) também destacou a vinda do ministro, e postou vídeos enaltecendo o planejamento da prefeitura de Vitória. Sempre procurando mostrar que a administração da Capital, como sempre, é impecável em tudo que se propõe a fazer. 
 
Juninho (PPS), prefeito de Cariacica, seguiu a mesma linha. Desfilou pelos postos do município ao lado do ministro e gravou vídeos explicando as metas de vacinação da prefeitura. O prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB), entre os quatro das maiores cidades da Grande Vitória, foi o que tratou o assunto de maneira mais técnica. Usou as redes sociais, inteligentemente, para convidar voluntários da área de saúde para a campanha de vacinação. 
 
A boa sacada de Max Filho não evitou, porém, que o prefeito também fosse alvo de críticas da população canela-verde, que procurou os postos de saúde para se vacinar e também se decepcionou. 
 
Uma leitura mais detida dos comentários relacionados aos vídeos postados nas redes sociais sobre as ações de vacinação das prefeituras aponta que a tentativa por parte dos prefeitos de capitalizar politicamente com a febre amarela pode ter sido um tiro no pé. 
 
Entre os comentários, prevalecem as críticas aos prefeitos. Há reclamações de todos os tipos. Desde a superlotação dos postos, passando pela falta de critério para atender idosos e crianças e falta de planejamento, o que deixou muitas pessoas, depois de horas e horas na fila, sem a bendita vacina. 
 
A vacinação contra a febre amarela, definitivamente, não será um bom mote político para os prefeitos usarem em campanhas eleitorais futuras. Pelo menos desse tipo de artifício a população parece estar bem imunizada.

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