No final de 2016,quando havia uma cogitação forte de que o governador fosse mudar de partido, ingressando no PSDB para articular suas movimentações para 2018, Hartung veio a público com aquele discurso de gestor responsável que não coloca o carro à frente dos bois. Disse que quem antecipasse a disputa para 2017 cometeria um erro. Ele só começaria a se movimentar a partir de abril do ano eleitoral, quando se desincompatibilizaria do cargo.
Naquele momento, Hartung estava com a bola toda. Era cotado para senador de alto clero, para a vice-presidência e até para a sucessão de Temer. Fora do Espírito Santo era tido como um governador exemplar, um gestor excelente. No Estado estava conseguindo reagregar o arranjo que lhe deu tanta tranquilidade nos dois mandatos anterior.
De dezembro de 2016 para cá, muita coisa mudou, sobretudo a partir de fevereiro, quando houve a crise da Polícia Militar, que detonou a imagem de Hartung fora do Estado. O plano de austeridade de Hartung, tão elogiado, levou o Espírito Santo a um caos na segurança, que deixou os capixabas presos em casa durante uma semana.
Em abril, outra bomba sobre a cabeça do governador causou um novo rombo na imagem de Hartung. A delação do diretor da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, colocava Hartung no rol dos políticos comuns, que também negociam caixa dois, fragilizou ainda mais a imagem do governador.
Aí aquela história de que quem pensasse em 2018, antes do tempo ia se queimar foi por água abaixo. Se Hartung entendeu que ou tenta recuperar sua imagem agora, tocando uma política de entrega para mostrar que a crise política e financeira ficou para trás ou seria atropelado pelo trem da história. Arregaçou as mangas e pretende cair na estrada.
O governador tem um trunfo que outras lideranças políticas também atingidas pela crise gerada pelas delações não têm: a máquina pública e vai usá-la agora, sim, para tentar recuperar seu prestígio político. É claro que o plano A foi abortado, ao governador agora cabe decidir se disputa o senado como baixo clero ou tenta um arriscado quarto mandato.
De qualquer forma, o governador precisa fazer o eleitor esquecer o início de 2017 e fazer com que o futuro seja mais atrativo, para isso, precisa desviar o foco, mas isso ele sabe fazer bem.
Fragmentos:
1 – A estrela do programa da Rede no Espírito Santo que vai ao ar na noite desta quarta-feira (10) deve ser o prefeito da Serra, Audifax Barcelos, que o partido vem insistindo para transformar em candidato ao governo do Estado em 2018.
2 – A deputada federal Norma Ayub (DEM) criou um perfil no Youtube para quem quiser acompanhar seus pronunciamentos na Câmara. As publicações são acompanhadas do texto dos discursos. Os eleitores cobram um pronunciamento sobre a Reforma da Previdência. A demista já se manifestou de forma contraria ao texto que está sendo apresentado.
3 – Aconteceu nesta quarta-feira (10) a votação mais importante do ano em Cachoeiro: a escolha do cachoeirense ausente. E a honraria será entregue ao ator Acácio Moraes Frauches, no dia 29 de junho, quando é comemorado o Dia de Cachoeiro. Com ele disputavam o engenheiro civil Vicente Garambone Filho e a professora e diplomata Maria Christina Coelho de Ramirez.