Segunda, 29 Abril 2024

Não à 8ª Usina da Vale

Descrentes das ações que foram tomadas até agora para conter o pó preto que paira sobre a Grande Vitória, os representantes das organizações sociais querem impedir que a Vale ponha em funcionamento a oitava usina de pelotização da empresa.



Os militantes exigem que as autoridades cobrem com rigor da Vale e ArcelorMittal, as duas siderúrgicas que operam na Ponta de Tubarão, o cumprimento dos acordos anteriormente firmados, mas que ainda não foram honrados, antes de permitir que as empresas ampliem suas atividades.



É mais do que justa a reivindicação das entidades, que estão sendo tolerante demais com as autoridades que entraram no circuito para mediar os acordos com as poluidoras, sobretudo o Ministério Público Estadual, que inicialmente fez um escarcéu danado na ocasião da celebração dos termos de ajustamento de conduta, que prometiam regulamentar as atividades poluidoras das empresas, mas que, até agora, foi pouco efetivo na hora de exigir o cumprimento dos acordos.



O movimento Pó Preto, por exemplo, cobra uma resposta do MPES a um documento protocolado no órgão em julho do ano passado. Na pauta de reivindicações da entidade está, entre outros pedidos, a não liberação da Licença de Operação (LO) da 8ª Usina da Vale.



As ONGs também exigem que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) volte a divulgar os resultados mensais das medições de poeiras emitidas pelas empresas; que os representantes das duas poluidoras provem que de fato a Vale e Arcelor reduziram em 80% e 70%, respectivamente, as emissões, como afirmaram recentemente à imprensa; que o Iema apresente à sociedade relatórios técnicos detalhados da viajem dos servidores da autarquia ao Japão e à Coréia para conhecer novas tecnologias de combate às emissões.



Além de todas essas cobranças, os representantes dos movimentos sociais reconhecem o empenho de alguns políticos que, no entendimento deles, têm se empenhado na discussão.



No documento, as entidades destacam o trabalho dos vereadores Namy Chequer, Serjão Magalhães e Aloísio Varejão (ex-vereador), Max da Mata e João Batista Babá (ex-vereador). Aos deputados estaduais Claudio Vereza e Henrique Vargas (hoje prefeito de São Gabriel da Palha) e Audifax Barcelos, ex-deputado federal e atual prefeito de Serra.



Esse registro aumenta e muito a responsabilidade desses políticos com os moradores da Grande Vitória que, por meio das entidades, estão depositando suas esperanças nesses representantes. Destaque para o prefeito da Serra, que ano passado usou duas ou três sessões da Câmara para expor as barbaridades causadas pela Vale à saúde da população.



Para quem não se recorda, eis um trecho do testemunho do então deputado Audifax: “No município de Serra, minha cidade, houve muitos problemas decorrentes de doenças respiratórias. Em 2007, tivemos 105 mortes causadas por doenças respiratórias; em 2008, foram 120; em 2009, foram 156 casos, e os números crescem ano após ano. Eu tive acesso aos dados da Secretaria de Saúde do Estado e pude verificar que, em se tratando de bronquite, foram 505 casos em 2009; em 2010, foram 478 casos; e, no ano passado, foram 742 problemas decorrentes de doenças respiratórias. Eu falei de bronquite aguda, mas, se observarmos o caso de bronquite NE — o Deputado Cesar [Colnago], que é médico, pode me ajudar a definir o que é bronquite NE [forma aguda da doença] — , tivemos 67 casos em 2009; em 2010, foram 88; e em 2011 foram 114casos.”



Relatos como o de Audifax são importantes para manter a discussão viva e pressionar as autoridades, que precisam definitivamente tratar as empresas com menos subserviência e mais rigor.



A população só quer respirar mais e melhor.

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