O governador Renato Casagrande vem agindo com a máxima cautela para evitar ser o alvo dos protestos de rua novamente. Não é pra menos. O socialista só recuperou sua popularidade em dezembro passado, após o desgaste provocado pelas manifestações de junho e julho de 2013.
Em números, os constantes enfretamentos de rua entre as forças militares do governo e os manifestantes custaram, no mínimo, 20 pontos de popularidade ao governador. Pelo menos foi o que mostrou a pesquisa CNI/Ibope de dezembro de 2013.
Para manter a popularidade em alta, mal começou o ano Casagrande já teve que desarmar duas ameaçadoras bombas. A primeira foi a tarifa do pedágio na Terceira Ponte, um dos símbolos dos protestos de rua de 2013.
A tarifa da ponte também motivou a ocupação do prédio do Legislativo estadual por longos 12 dias, gerando mais desgaste para o governo.
Foi a pressão da ocupação da Assembleia que provocou a abertura de uma auditoria para averiguar se a tarifa que vinha sendo cobrada, até então (R$ 1,80), era justa. Enquanto a auditoria é concluída, a Justiça, providencialmente para alívio do governador, reduziu a tarifa para R$ 0,80.
No início da semana Casagrande sinalizou que não tem planos de mexer na tarifa do pedágio da Terceira Ponte.
Na tarde desta quarta-feira (8), foi a vez de Casagrande mexer em outro vespeiro: o reajuste de tarifa do Transcol. Na segunda-feira (6), o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) já calculava o aumento em 8,4%, o que elevaria a tarifa de R$ 2,50 para R$ 2,71.
Imediatamente, a informação repercutiu nas redes sociais. Reuniões foram marcadas para definir a estratégia dos protestos, caso o aumento fosse confirmado.
Nesta quarta, o governador confirmou que manterá a tarifa congelada até o término da licitação para concessão do transporte coletivo. O anúncio da medida deve arrefecer os ânimos nas redes sociais, que devem aguardar o desenrolar da licitação e o anúncio da nova tarifa para se manifestar.
Depois dos protestos de junho e julho, o socialista deve ter se convencido do poder de articulação das redes sociais, que foi capaz de levar mais de 100 mil às ruas no memorável 20 de junho de 2013 — a maior mobilização proporcional do país.
Casagrande sabe o quanto custou recuperar 20 pontos de popularidade perdidos em meio aos protestos. Em ano eleitoral, com adversários dispostos a tudo para ganhar votos, o prejuízo poderia ser ainda maior.
Emprestando o título de um dos movimentos mais importantes dos protestos de 2013 — “Não é por 0,20 centavos” —, é bem possível que o governador esteja pensando, lá com seus botões, que também não serão 0,20 centavos que colocarão em risco sua reeleição.