Na manhã desta terça-feira (10) manifestantes contrários ao impeachment tentaram fazer uma manifestação no Centro de Vitória. O lamentável episódio envolvendo agressão à imprensa acabou desviando o foco do cerne da questão. O local não foi escolhido por acaso.
Os manifestantes foram para a frente do Palácio Anchieta, porque o governador Paulo Hartung foi o primeiro a se reunir com o vice-presidente Michel Temer, ainda em dezembro, em um encontro do qual pouca coisa se sabe. Ou seja, os manifestantes queriam mostrar que Hartung sabe e apoia o que os contrários ao impeachment chamam de golpe.
Em meio a tanta confusão, aqui e em nível nacional, o que também saiu do foco foi a polêmica sobre os cargos ocupados por lideranças partidárias diretamente envolvidas na questão. De um lado, está o PMDB do Espírito Santo que defende o impeachment, mas não abandona os cargos federais ocupados no Estado.
Tanto o presidente do partido, deputado federal Lelo Coimbra, como a senadora Rose de Freitas, têm muitos cargos indicados no Estado e seu discurso contra o governo federal só faria sentido se eles desembarcassem do governo.
Do outro lado, estão os petistas que ocupam vagas no governo do Estado. O secretário de Habitação e Desenvolvimento João Coser foi pressionado por lideranças do partido a sair do cargo. O deputado federal Givaldo Vieira é um dos principais críticos à permanência do partido no governo do peemedebista Paulo Hartung. Mas Coser e outros petistas insistem em ficar nos cargos e jogam a decisão para a Nacional.
Na Assembleia Legislativa a bancada do PT segue surda e muda. Aliás, o deputado José Carlos Nunes chegou a afirmar a interlocutores que mesmo que Coser saia do governo, ele vai permanecer. Nem a insatisfação do funcionalismo e a pressão de alguns sindicatos sobre o deputado é capaz de fazê-lo se desgarrar do governo.
Então, o que se apreende disso é que há muita conversa dos dois lados, mas tomar atitude mesmo, ninguém quer tomar. Deixa-se o tempo passar, esperando que ninguém questione a incoerência entre discurso e prática.
Fragmentos:
1 – O deputado José Esmeraldo (PMDB) resolveu criticar na tarde dessa segunda-feira (9) a interrupção da sessão ordinária para que a chefe do Núcleo Especial de Vigilância Sanitária do Estado (Visa-ES) Marizete de Oliveira Silva pudesse mostrar o trabalho realizado.
2 – A cessão do horário do Grande Expediente foi um pedido do colega de bancada Hércules Silveira. Esmeraldo foi interrompido pelo primeiro secretário da Mesa, Enivaldo dos Anjos (PSD), que presidia a sessão no momento, pela deselegância de criticar a ação com a convidada já presente no plenário.
3 – O deputado Rafael Favatto (PEN) quer ampliar as festividades de Nossa Senhora da Penha para todo o Estado. O projeto transforma o dia em Data Magna do Espírito Santo e o feriado estadual.