A possibilidade, recentemente admitida pelo governador Paulo Hartung em deixar o PMDB e voltar para o PSDB, conforme registrou o jornal A Gazeta, repercutiu nos meios políticos. O principal é o seu ajuste a uma nova tendência de poder no país, que é protagonizado pelo PSDB nas pessoas do senador mineiro Aécio Neves e do governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Hoje os dois tucanos seriam os postulantes do partido para disputar às eleições à presidente da República em 2018.
O PMDB pode muito bem se dar mal com o resultado final do governo Dilma Rousseff (PT), de quem é parceiro, com a vice-presidente da República com Michel Temer, presidente nacional do partido.
Mas como o projeto de Hartung é reeleição ao governo do Estado, não haveria, à primeira vista, necessidade de soltar, como soltou imprensa, essa intenção de mudança tão prematuramente. Mas tratando de quem se trata, tem tudo a ver. No passado, ele também já se utilizou de estratégia semelhante que manteve, desde cedo, o jogo político girando em torno dele.
Interpretando o momento político a partir de variados cenários, se pode fazer algumas projeções. Caso Temer suceda Dilma, em função de um possível processo de impeachment, aí Hartung poderia ficar no PMDB.
Mas, na minha opinião, a questão nacional não está nesse movimento de PH em trocar o PMDB pelo PSDB. Pois ele nunca se pautou na política nacional para direcionar seus planos políticos no Espírito Santo. Mormente, agora, com as pesquisas de opinião pública registrando quedas sistemáticas da sua popularidade. A eleição presidencial no Estado, que ocorre simultânea com as de governador, senador e deputado, ele costuma tratar em cima da hora, como fez duas vezes com Lula e outras duas com a Dilma.
Para mim, o ingresso dele no PSDB é para evitar uma possível candidatura do deputado federal Max Filho ao governo do Estado. Ele tomou para si a missão de reorganizar o partido. Tem feito filiações Estado afora. movimentos de quem está pensando grande. E que tanto pode ser em 2018 como mais para frente. Max deve estar se preparando para entrar nesse jogo pesado de candidato ao governo do Estado, esperando, naturalmente, a hora ideal.
A propósito, eu acho que o Max Filho pode servir de recurso eleitoral para o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Se eu conheço o filho do ex-governador Max de Freitas Mauro, não acredito, que mesmo no partido do governador, com PH na condição de candidato, Max Filho não ficaria com ele. Essa escolha seria sua sentença de morte política.
Já na companhia de Casagrande, Max Filho não teria o que temer. Como o socialista, ele também tem a trajetória de quem cumpre compromissos e acordos.
São esses dois que PH, ao entrar no PSDB, quer reduzir em apenas um. Ele não quer enfrentar Casagrande com o reforço de Max Filho.
Não estou nem de longe querendo dizer que Casagrande não vai sozinho nessa rinha eleitoral. Até porque, em recente entrevista ao jornal eletrônica Agência Congresso, Casagrande deixou relativamente claro, até diria, claríssimo, que o projeto político dele não inclui a disputa à eleição de 2016, como ratificou que o seu candidato a prefeito de Vitória é Luciano Rezende (PPS).
Essa escolha deixa o caminho livre para Paulo Hartung. Ele fica mais próximo de entrar no PSDB, tirando qualquer chance de Max Filho disputar o governo. Se os acontecimentos tomarem esse desfecho, PH, que costuma subir nos cavalos ganhadores, nessa próxima disputa para o governo, vai poder atravessar andando a linha de chegada.
Ou Casagrande acorda ou vai entregar a fatura de graça para Hartung.