Desde que os prefeitos eleitos em 2012 tomaram posse em janeiro de 2013, a maioria vem repetindo em coro o mantra da crise. Durante todo o ano, o governo e a população ouviram a mesma ladainha da falta de recursos em caixa, da perda dos recursos federais, das dívidas deixadas pelas administrações passadas.
Mas o mapa do endividamento dos municípios, mostrados pelo blog Estadão Dados, esclarece em números o tamanho da crise. Com apenas seis municípios gerando mais receitas em impostos do que gastos, o Estado passa por uma situação delicada.
Rombo para uns, oportunidade para outros. Muito espertamente o governador Renato Casagrande entendeu que este poderia ser o caminho mais simples para construir uma marca para seu governo, pavimentando assim sua campanha de reeleição.
Como o problema dos prefeitos era dinheiro, ele montou um colchão confortável de investimento e ajuda de custeio para socorrer os prefeitos em crise. O endividamento é um tema recorrente na Associação dos Municípios do Estado (Amunes) e revela o grau de dependência em relação aos governos federal e estadual.
Essa dependência cria uma relação que não é saudável nem para o Estado, nem para os municípios. A autonomia das cidades parece ser um sonho distante no Espírito Santo. Mais do que ficar enchendo os pires dos prefeitos, o governo precisa acelerar o processo de descentralização do desenvolvimento, incentivando a atração de investimentos para além da Grande Vitória.
Mas isso não deve ser entendido também como uma licença para fazer o que quiser. São justamente o crescimento desordenado, as concessões de terrenos em áreas de proteção ambiental e a poluição que contribuem para desastres como o que aconteceu com as chuvas fortes do fim de 2013. Responsabilidade fiscal, sustentabilidade ambiental e autonomia financeira são os caminhos que devem ser trilhados para que os prefeitos que assumiram os mandatos em 2013 possam ter algo de seu para apresentar à população quando 2016 chegar.