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Nos bastidores

Ainda ecoa nos meios políticos a entrevista do governador eleito Paulo Hartung (PMDB) e de seu vice, César Colnago (PSDB), à rádio do senador Magno Malta (PR), nessa quinta-feira (16). A convivência harmônica dos dois antigos desafetos carrega em sim todo um simbolismo e a classe política capixaba agora se debruça para tentar vislumbrar suas consequências.
 
Ficou claro o recado para algumas lideranças: se até Magno Malta está do lado de Hartung, quem terá coragem de enfrentá-lo? Mas há uma questão a  ser avaliada neste movimento. Nem Hartung, nem Magno são os mesmos de antes. Para isso, vamos nos reportar a 2010. 
 
Naquele momento, Hartung e Magno Malta estavam oficialmente no mesmo palanque: o de Renato Casagrande. O então governador, que tentava eleger seu sucessor, evitou a natural caminhada para o Senado, por dois motivos: o primeiro e mais importante, para evitar o confronto com o republicano e, segundo, para acalmar os nervos da família Ferraço, duramente golpeada com o “abril sangrento”, que tirou de Ricardo Ferraço (PMDB) a vez da disputa ao governo, provocando a ira do pai Theodorico (DEM). 
 
Hartung chegara a dizer naquele momento que não subiria no mesmo palanque de Magno Malta e logo foi creditada ao peemedebista uma manobra para tentar esvaziar os votos do republicano, com uma casadinha clandestina da campanha de Ricardo Ferraço com a de Rita Camata (PSDB), candidata de outro palanque. 
 
O senador foi o grande vitorioso daquela eleição. Mesmo em um cenário adverso, se reelegeu com ampla votação. Naquele momento, o PR do Espírito Santo era um partido forte. Tinha o prefeito de uma das maiores cidades do Estado, Vila Velha, com Neucimar Fraga, e três deputados na Assembleia Legislativa. 
 
Tudo ia bem, até depois da eleição municipal, quando começaram os movimentos preparatórios para a eleição deste ano. Malta tomou o PR, convidou os insatisfeitos a se retirar, e começou a desenhar sua campanha ao governo do Estado. 
 
A debandada foi maior do que ele pensava e o partido se enfraqueceu a ponto de ele não conseguir erguer sua candidatura ao governo. Como subterfúgio, criou uma candidatura à Presidência da República, que de antemão se sabia, era inviável, dada a ligação do PR nacional com o palanque de Dilma Rousseff. 
 
Malta ficou fora da eleição deste ano e não conseguiu eleger suas lideranças, já que o deputado estadual  Gilsinho Lopes (PR) tem voo próprio e não se pode dizer que seja exatamente uma liderança ancorada na imagem de Malta. 
 
O senador perdeu, perdendo. Hartung também não é mais o mesmo. Por mais que tente criar a atmosfera de vitimização, as denúncias vindas à tona durante a campanha o fizeram descer do pedestal.
 
Neste sentido, a simbologia do encontro dos dois antigos desafeto parece mais uma manobra protecionista do que de ataque. No que isso vai render para ambos, só o tempo dirá. 

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