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Nota vermelha na educação

O jornal Folha de S. Paulo, na edição do último sábado (19), trouxe mais uma reportagem da série especial que avalia a gestão dos governadores. O título da reportagem que avalia o governador Renato Casagrande chama a atenção para a queda dos indicadores do governo socialista na educação: “Governo amplia receitas, mas indicadores do ensino pioram”. 
 
O texto mostra a desaceleração dos investimentos que teriam caído de 29,7% (2011) para 25,4% (2013) – o limite mínimo legal é de 25%. O governo rebateu. Explicou que os investimentos se concentram no segundo semestre, e que até o final deste ano esses patamares devem subir para a faixa de 28%. 
 
Com relação aos percentuais investidos, o governo foi convincente. O problema, no entanto, está nos indicadores de qualidade. Por exemplo, no último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), de 2011, a nota do Espírito Santo ficou em 3,6 — abaixo da média nacional (3,7), e bastante distante da meta fixada para o Estado: 5,6. 
 
Mas não é só no Ideb que o desempenho da educação capixaba deixou a desejar. O Globo desta segunda-feira (21) traz uma extensa reportagem que cruza os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na prova de redação e as desigualdades sociais. 
 
A reportagem do jornal carioca mostra que quanto maior a renda da família melhor é a nota do candidato na redação. Os candidatos de famílias que ganham até um salário mínimo alcançaram nota média de 460 pontos no Enem de 2011; enquanto os de famílias com 15 a 30 mínimos de renda somaram 642 pontos – uma discrepância de 40%. 
 
No Espírito Santo esse índice de desigualdade chegou a 44%, ou seja, quatro pontos acima da média nacional. O Piauí foi o estado que registrou a maior diferença: 50%. Em Santa Catarina, na outra ponta da tabela, a discrepância foi de apenas 27%.
 
O dado é preocupante. A prova criada justamente para democratizar o acesso ao ensino superior reduz as chances dos mais pobres. Por trás desse dado de desigualdade estão outras deficiências. 
 
Um dos especialistas ouvidos pela reportagem, o coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Farias, diz que os jovens de famílias de baixa renda vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis que afetam o aprendizado. Farias lista problemas como a falta de espaços adequados em casa para o estudo, baixo acesso a livros e até mesmo o vocabulário limitado dos pais como fatores que que podem empurrar para baixo a nota na redação.
 
Farias chama atenção para o fato de muitos alunos de baixa renda, oriundos da rede pública, desistirem da redação, que é aplicada no segundo dia de prova. O especialista diz que o dado deve servir de alerta para o poder púbico. Ele diz que os alunos de famílias mais pobres, antes de fazer a prova de redação, acham que não terão chances de aprovação ou, mesmo que sejam aprovados, não poderão se manter financeiramente no ensino superior. 
 
Na área de segurança, a reportagem da Folha reconhece que o governo Casagrande obteve avanços, com redução de 14 pontos nas taxas de homicídios. De fato, em relação ao governo de Paulo Hartung, Casagrande tem feito investimentos mais maciços na segurança, como, por exemplo a promoção de concursos para repor os efetivos das policias Civil e Militar, abandonados pelo antecessor, que após oito anos de mandato deixou o Espírito Santo na vexatória posição de segundo Estado mais violento do Brasil e líder absoluto nos homicídios de mulheres.
 
Há de se destacar que o governo Casagrande criou o Estado Presente, que não é um programa capaz de equilibrar as forças do poder público com o crime organizado nas periferias — que continua cooptando os jovens para a criminalidade —, mas que, pelo menos, é uma tentativa de se oferecer algo para os jovens pobres e sobretudo negros, principais vítimas e atores dos homicídios no Estado. 
 

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