quinta-feira, janeiro 23, 2025
24.9 C
Vitória
quinta-feira, janeiro 23, 2025
quinta-feira, janeiro 23, 2025

Leia Também:

Novo arranjo?

Para conseguir governar sem qualquer tipo de questionamento durante seus dois mandatos o então governador Paulo Hartung (PMDB) contou com muito mais do que sua capacidade política e popularidade. Um arranjo político-institucional criou ao longo desse período um sistema de unanimidade, que calou a oposição, enfraqueceu os partidos e colocou sob suspeita qualquer liderança política que se arvorasse a enfrentar o Executivo, que se transformou em um superpoder.
 
O primeiro passo foi o arranjo com as entidades ligadas à sociedade civil organizada. Hartung criou uma verdadeira cruzada contra um inimigo invisível, abstrato: o crime organizado. Naquele momento, além de abrir um espaço de criminalização da classe política no pacote, Hartung conseguiu enfraquecer o legislativo.
 
Mas isso não era suficiente para garantir que as lideranças na Assembleia ou em outros espaços permanecessem dóceis ao seu sistema, foi preciso avançar no arranjo e por um bom tempo, o Judiciário entrou no jogo. Em troca, conseguiu um aumento orçamentário de dar inveja a um monte de municípios do Estado.
 
A imprensa também deu sua contribuição para que o governador passasse em brancas nuvens durante seus dois mandatos, fechando os olhos até paras as denúncias internacionais de violação dos direitos humanos envolvendo o Espírito Santo. Impedida de entrar em hospitais para não retratar a situação precária dos aparelhos públicos, se resignou e calou-se. 
 
Agora, o governador eleito volta a procurar os parceiros para garantir quatro anos de tranquilidade. Mas o ambiente político é outro e o governador que deixa o cargo derrotado não parece disposto a aceitar o açoite sem reclamar. 
 
Fatalmente haverá, pelo menos, dois grupos políticos se digladiando no Espírito Santo. Com Hartung deixando de ser o governador sem mácula, o debate promete ser quente. Além disso, ainda que consiga reunir parte de seu arranjo institucional, nem todos estarão dispostos a se curvar a um novo poder único no Estado. 
 
É claro que esses são os primeiros passos do novo-velho governo. Tudo pode acontecer até a posse de Hartung e muito mais pode acontecer até o fim de seu mandato. O que parece estranho é o governador eleito que se diz tão combatente da “velha política”, tentar recompor uma prática de seu governo passado. 
 
Fragmentos:
 
1 – Uma das grandes batalhas políticas do ex-deputado estadual Heraldo Musso era em favor da emancipação do distrito de Santa Cruz, em Aracruz. Com a mudança nas regras e o veto da presidente Dilma Rousseff, a questão ficou encerrada. 
 
2 – Mas com a chegada do neto do deputado à Assembleia Legislativa, Erick Musso (PP), a comunidade local deve voltar a se movimentar neste sentido. É só haver alguma sinalização de Brasília, que as caravanas de lideranças do distrito devem voltar a povoar o Legislativo. 
 
3 – A grande preocupação das secretarias de segurança em fornecer material para programas policialescos tem afastado a população das denúncias anônimas.

Mais Lidas