Independentemente de quantos fazem parte do grupo da oposição, a qualificação dos discursos de alguns deputados que têm tirado a base do governo na Assembleia da zona de conforto e a sucessão de pautas bombas no na ordem do dia está cada vez mais claro que a instabilidade da nova Mesa Diretora da Assembleia.
Musso tomou posse e já teve de enfrentar o primeiro desgaste com a reunião desautorizada pelo Palácio Anchieta para tentar mediar a crise na segurança pública. O segundo desgaste veio com a falta de tato para a divisão das comissões permanentes, que ficou a cargo de Amaro Neto (SD), que por sua vez tirou vagas dos descontentes com o Palácio Anchieta. Novo desgaste na conta da Mesa Diretora.
Os cortes de cargos da Mesa Diretora, incluindo, cargos técnicos, com servidores que estão há anos na Casa, também não ajudou a polir a imagem da nova gestão da Casa e, para finalizar, as pautas bomba do governo. Foi fácil para um deputado que se dedicou a estudar as ferramentas disponibilizadas pelo próprio regimento da Casa expor as manobras da liderança do governo com a Mesa para limpar a pauta e aprovar projetos bem polêmicos.
Também foi fácil expor a falta de experiência e maleabilidade do presidente, em reagir de forma truculenta ao contraditório. Enquanto isso, Theodorico Ferraço (DEM) observa, da planície, alguns deputados já sentirem saudades dos tempos em que ele conseguia encontrar um meio termo, deixando passar as demandas do governo, mas evitando o conflito no Plenário.
Theodorico nunca causou problemas para Hartung na aprovação dos projetos oriundos do governo, mas tinha uma noção muito clara de que era preciso saber o momento certo de colocar pauta-bomba no plenário. A votação de um projeto de reestruturação da Polícia Militar, dando poderes absolutos ao governador na promoção de oficiais, ocorrida nesta quarta-feira, definitivamente foi feita no momento errado. Ficou evidente que o projeto foi uma retaliação ao movimento encabeçado pelos familiares dos PMs.
Quanto à oposição, dificilmente, Ferraço teria um comportamento como o de Musso para com o deputado Majeski. Demonstrou irritação, perdeu o controle, e presidente não pode perder o controle. Também seria difícil que Majeski enfrentasse Ferraço nos mesmos termos, ele impunha um certo respeito do plenário, até entre os mais rebeldes.
Se a Mesa não se encontrar e continuar dando cotoveladas no Plenário, vai ser difícil manter uma relação boa tanto no Legislativo, quanto com o executivo. Hoje o grupo da oposição tem cinco deputados, daqui a pouco tem seis, e sem perceber, o governo terá perdido o controle total daquela Casa, que sempre considerou um braço do Palácio Anchieta.
Fragmentos:
1 – A deputada federal Norma Ayub (DEM) recebeu em seu gabinete, em Brasília, nessa terça-feira (7), o prefeito de Marataízes, litoral sul do Estado, Tininho Batista (PRP). Eles conversaram sobre projetos para a cidade, como a urbanização da orla. O prefeito deve ter saído satisfeito do encontro.
2 – Ele ouviu da deputada que o projeto já foi protocolado no Sistema de Convênios do Governo Federal, e que estava trabalhando com o Ministério da Integração Nacional, para o atendimento prioritário da demanda.
3 – Atenção deputados estaduais: Foi-se o tempo em que o que acontecia no plenário, ficava no plenário. Já está passando da hora de a Assembleia divulgar as votações nominais dos projetos. Até porque, não adianta mais esconder. De um jeito ou de outro, a sociedade vai saber quem está votado com a população e quem está votando com o governo.