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O antagonista

Quem acompanha esta coluna semanal deve ter percebido que tenho insistido no assunto Sérgio Majeski. Explico. É que o deputado estadual do PSDB é a novidade na política capixaba. Tem mais, como já escrevi neste espaço, ele é hoje o representante solitário no campo de oposição ao governo Paulo Hartung (PMDB). E faço hoje outra constatação: Majeski também corre com larga vantagem sobre seus pares políticos quando o assunto é redes sociais. 
 
Nesses tempos de vacas magérrimas, sem o financiamento de pessoa jurídica nas campanhas (pelos menos, oficial), a comunicação na internet se transformou numa ferramenta alternativa dos políticos para dar visibilidade aos mandatos e conquistar novos eleitores. Mas se analisarmos com cautela esses perfis, perceberemos que a maioria não passa credibilidade. Muitos perfis são “terceirizados” a profissionais entendidos no assunto, mas que acabam gerando desconfiança no internauta e mergulham no anonimato da internet. 
 
Majeski tem conseguido usar com propriedade a ferramenta por dois motivos: primeiro, porque tem construído um mandato sólido, identificado e comprometido com as pautas da sociedade, o que dá credibilidade a esse conteúdo; segundo, porque parece ser ele mesmo que faz a interlocução com seus seguidores. Isso valoriza essa interação e o diferencia dos demais políticos capixabas nesse universo virtual. 
 
É com esses diferenciais que o deputado entra no processo eleitoral de 2018: se consolidando cada vez mais como nome da desejada renovação da política; ocupando absoluto a posição de antagonista ao governo Hartung; e ainda fazendo uso como ninguém das redes sociais como uma importante ferramenta de interlocução com a sociedade.
 
Como venho dizendo, Majeski já é uma realidade na cena política capixaba. E o PSDB terá que decidir o que fará com esse capital em ascensão dentro do partido. O presidente estadual da sigla, Jarbas de Assis, já disse que o partido reserva Majeski para a disputa à Câmara dos Deputados. 
 
Não comungo com Assis que esse seja o melhor caminho para o deputado. Acho que ele pode se diluir em meio aos 513 parlamentares. Não dúvido que ele tenha capacidade para construir uma digna trajetória na Câmara. Não é isso, mas acho que nesse momento sua atuação seria mais importante na política do Espírito Santo. Majeski ocupou esse espaço de oposição ao governo que estava vazio desde o primeiro mandato de Paulo Hartung, em 2003. Se o tucano parte para Brasília, Hartung tira uma pedra do seu sapato que o incomoda dia e noite. Seria a saída, talvez a única, de tirar o deputado do seu caminho. 
 
Até agora, o PSDB, ou parte dele, vem mantendo o pé na porta para evitar que Hartung entre no partido. Mas o governador, que viu seu voo ser abortado no início deste ano, ainda não desistiu de migrar para ninho tucano. Esse seria um problemão para o alto tucanato. Como conciliar Majeski e Hartung no mesmo partido? 
 
Considerando que ambos estarão se movimentando freneticamente em 2018, o partido ficaria pequeno para os dois. Como candidato ou detentor do processo eleitoral, uma coisa é certa: Hartung estará em campo decidido a distribuir as cartas do jogo político. Quanto a Majeski, apesar dos planos do presidente da legenda, ainda não sabemos em qual raia ele irá correr, mas também é certo que será uma liderança política com lugar cativo nessa mesa de jogo, dentro ou fora do PSDB.
 
Além do cargo que irá disputar, há ainda a dúvida se Majeski segue no PSDB. O embate com o vice-governador César Colnago na prestação de contas na Assembleia Legislativa pode ter sido um divisor de águas para o deputado, que também deve estar refletindo sobre os prós e contras de permanecer no partido. 
 
Majeski sabe que se for em busca da reeleição vai acabar dando carona a candidatos não identificados com suas bandeiras, que se beneficiarão da montanha de votos que o tucano deve colher nas urnas. Eleitos, esses “caronistas” tendem a se voltar contra ele na Assembleia. 
 
A permanência no PSDB também é alvo de reflexão se a aspiração do deputado incluir voos mais altos, como o governo do Estado. Esse projeto seria hoje inviável dentro do PSDB. Em outro partido, a coisa muda de figura. 
 
É por essas e outras que sigo acompanhando de perto os movimentos de Sérgio Majeski. Ele tem tudo para exercer um dos papéis centrais na próxima disputa eleitoral ou pode pôr tudo a perder caso faça escolhas erráticas. O deputado tem de ficar atento para não se enroscar na corda que leva o nome de PSDB. 

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