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O balaio de PH

O bom filho a casa torna seria a forma mais pertinente para esse reencontro de Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) com o candidato ao governo do PMDB, Paulo Hartung. Mas para quem acompanha, ao longo do tempo, as escaramuças entre os dois, bate mais com a imagem  de um filho que tem uma visão crítica do pai. 
 
Paulo privou o projeto de Luiz Paulo de disputar eleição ao Senado por duas vezes e evitou a volta dele à Prefeitura de Vitória. Inteligente e sarcástico, Luiz Paulo adjetivou tão bem duas expressões que colaram no ex-governador: bonapartista e unanimidade. Embora tenham sido cravadas em uma outra circunstância política, quando Paulo não era propriamente o centro. 
 
Mas marcou, definitivamente, Hartung como um tirano. Luiz Paulo se diferencia dos demais filhos políticos. Não fez como os outros, coitados, que mudaram muitas vezes de partido, atendendo às conveniências políticas do pai, como ocorreu com Lelo Coimbra, Ricardo Ferraço e Neivaldo Bragato. E, mais recentemente, com Guerino Balestrassi, que Paulo adotou como filho adotivo. 
 
Diferente de Luiz Paulo, também, os acima citados, com exceção do Bragato, que atua na retaguarda, só levaram vantagem. Principalmente o senador Ricardo Ferraço, que antes de descobrir PH era tão somente filho de Theodorico Ferraço (presidente da Assembleia) e afilhado político do ex-prefeito de Vila Velha Vasco Alves. Já Lelo Coimbra sempre deu ao pai político uma enorme trabalheira para garantir seus mandatos de deputado federal. 
 
Há parentes próximos, como César Colnago, que também leva suas vantagens. PH já o fez vereador em Vitória, presidente da Câmara de Vereadores, deputado estadual, secretário de Agricultura e deputado federal. Como o fôlego eleitoral de Colnago não dava mais para se reeleger, recebeu a vice como compensação. 
 
Do ponto de vista de família política, seria injusto deixá-lo ao sereno. Colnago é um dos melhores e mais argutos parceiros. Mexe bem com as pedras políticas e dá rasteira com a cara mais limpa do mundo. Se forem procurar os benefícios que ele prestou ao pai da turma, vai encontrar inúmeros tombos. Livrou-o, por exemplo, da CPI do Grampo.
 
Para o filho crítico sobrou uma candidatura atrasada a deputado federal, que chega praticamente quando os concorrentes já estão na frente e fechando apoios. Só o que falta a Luiz Paulo é perder essa eleição de deputado federal, quando estava com a mão na taça para o Senado. 
 
Filho de pai autoritário passa sempre por situações de rejeição. Mas há quem assegure que Luiz Paulo tem a qualidade que o pai político detesta: de enxergá-lo por dentro. 

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