Temos até fevereiro de 2013 para compreender o milagre da redução das contas de luz, conforme o anúncio feito dias atrás pela presidenta Dilma.
Naquele mês vindouro os brasileiros receberão pela primeira vez as contas com o abatimento de 16% para os consumidores residenciais e 28% para os consumidores industriais.
Se for efetivamente cumprida a promessa de redução de uma das principais despesas dos orçamentos domésticos e empresariais, a população brasileira estará vivendo uma revolução econômica.
Pela primeira vez desde os últimos grandes eventos de governo – o controle da inflação (Itamar Franco), a privatização de estatais (FHCardoso) e a intensificação dos projetos de inclusão social (Lula) –, a Presidência da República ousa cortar uma das asas do famoso Custo Brasil.
Pela forma do anúncio, pareceu que foi uma decisão simples, burocrática, contábil. Daí a pergunta: se a medida estava caindo de madura, por que demorou tanto?
Faltava coragem? Era preciso esperar pelo amadurecimento das coisas no setor elétrico?
Ou será que o governo está reduzindo o custo da energia elétrica para compensar o inevitável aumento no preço da gasolina e do diesel?
Sabemos que a Petrobras está na bica pedindo água.
Seja o que for, a redução das contas de luz é revolucionária porque permite aos consumidores residenciais colocar a diferença no consumo ou na poupança e aos consumidores empresariais reduzir o preço de seus produtos ou investir na modernização de seus equipamentos e instalações, aí incluída uma melhor remuneração aos seus funcionários.
Em suma, é uma medida positiva em todos os aspectos pois a eletricidade é o mais fundamental dos insumos econômicos.
Não se pode descartar o risco de que aumente desmedidamente o consumo de energia, comprometendo a capacidade de abastecimento do setor elétrico, 14 anos depois do apagão que marcou negativamente o governo FH Cardoso. O ministro das Minas e Energia garantiu que não há esse risco mas, se estivesse no lugar do Lobão, o que diria o prezado leitor?
Agora, pensemos grande: se o Brasil tem condições de reduzir nesses percentuais as contas de luz, imagine-se aplicar critério semelhante em outros setores da vida nacional.
Quanta coisa por fazer!
Cortar as asas da telefonia.
Reduzir os impostos de N ramos da economia.
Abater tributos, cortar impostos, eliminar taxas.
Baratear custos, especialmente dos pedágios rodoviários.
Cortar mordomias.
Sanear as repartições públicas.
Policiar ainda mais o uso de verbas públicas.
Enxugar os orçamentos etc.
Tudo isso pode ajudar o Brasil a mudar rapidamente de patamar no cenário mundial.
Voltando à vaca fria: estamos em setembro, a redução das contas de luz será aplicada a partir de janeiro e o primeiro alívio virá no mês do carnaval. Teremos então um bom início de ano, com o fantasma da recessão sendo espantado para longe.
Se tudo sair como foi anunciado nos últimos dias, podemos prever que Dona Dilma baterá com a cabeça no teto da popularidade presidencial.
PROVÉRBIO DE OCASIÃO
“Quando a esmola é demais, até o santo desconfia”