Caso se confirme a tendência das lideranças do PMDB capixaba insatisfeitas com os rumos que o partido tomou sob o comando do deputado federal Lelo Coimbra, o ex-governador Paulo Hartung pode sofrer mais uma derrota este ano, desta vez dentro de casa.
Nos meios políticos, durante o processo eleitoral, ventilava-se também a possibilidade de retorno de Hartung e seu grupo político ao ninho tucano. Mas para isso seria necessário um fortalecimento do PSDB, o que poderia vir com a eleição de Luiz Paulo Vellozo Lucas, em Vitória. Isso não aconteceu e o PSDB saiu menor da eleição municipal.
Isso fecha os espaços políticos para o ex-governador se movimentar no Estado. Para onde iria? Resta manter o comando do PMDB, partido em que está desde 2005. Mas o que se tem tentado vender como algo consolidado, não será tão fácil assim. O grupo tenta emplacar a reeleição de Lelo Coimbra à frente do partido, mas a insatisfação é grande e aparar arestas parece ser uma tarefa muito difícil.
Se Lelo perder a eleição no PMDB, Hartung perderá o controle do partido. Será invertida a lógica que funciona hoje na sigla. Lelo transformou o PMDB em um instrumento político do grupo do governador, com isso, o partido se enfraqueceu. Vide o resultado do processo eleitoral deste ano. Em vez de levar o partido para os caminhos que o ex-governador pretender navegar, ele é que vai ter de se sujeitar às definições do PMDB.
Não que o partido vá atuar contra o projeto de Hartung, até porque ele foi governador e hoje é uma liderança que, apesar de ter queda no prestigio eleitoral, tem condições de disputa. Mas Hartung perde a capacidade de mexer suas peças de forma mais solta. Vai falar de igual para igual, por exemplo, com sua adversária caseira, Rose de Freitas.
Neste sentido, a expectativa é de que até a eleição da estadual, o grupo de Hartung busque viabilizar a reeleição de Lelo, mas pode ser que o Natal não seja tão feliz para o grupo dentro do PMDB.
Fragmentos:
1 – O presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), parece ter finalmente entendido que presidir a Casa não é mesma coisa que administrar um município.
2 – Depois de tentar acotovelar o governo do Estado, com o abono de R$ 2 mil para os servidores do Legislativo – que dizem, não tinha em caixa – agora está pianinho, defendendo um abono combinado com os outros poderes.
3 – Até seria interessante ver um presidente de Assembleia bater na mesa e tomar as decisões de forma independente, mas o que se comenta nos bastidores é que esse não é o objetivo e sim barganhar com o governo. Que pena!