O preço da eleição
O movimento sindical na Serra está de parabéns porque conseguiu eleger um candidato a vereador, Aécio Leite (PT), nas eleições do último domingo. Houve um trabalho mais agrupado na campanha dele, que garantiu a representação na Câmara Municipal.
Mas eleger um representante significa apenas subir o primeiro degrau. É preciso que haja um acompanhamento e orientação para que esse mandato seja realmente representativo da classe trabalhadora e atue na geração de políticas públicas que atendam às necessidades da população menos favorecida. Ainda mais no município mais populoso do Estado.
A Serra tem problemas graves, muitos oriundos do processo de industrialização da década de 1970, que além da deteriorização do meio ambiente, gerou bolsões de pobreza que geram impactos sociais e econômicos até hoje.
Em contrapartida, a política local ficou por décadas concentrada em disputas de poder e serviços meramente assistencialistas. A Câmara sempre foi subserviente ao prefeito, contribuindo para o estado de abandono em que se encontra a população hoje. A ponto de o eleitor adotar a corrupção e dizer claramente que só vota se levar um qualquer. Isso não é novidade e aconteceu a rodo na eleição de domingo.
É evidente que apenas um vereador em um plenário de 23 legisladores não vai mudar o mundo. Mas ele precisa manter uma postura firme e tentar convencer os demais da necessidade de se criar políticas públicas mais sérias no município.
A gente sabe que ele, sozinho, não consegue mudar, porque a mudança parte de uma tomada de consciência da própria população e de mudanças nas regras eleitorais, que se fazem urgentes. Hoje ganha quem tem dinheiro, isso é fato. Têm vantagem os profissionais liberais e os empresários.
Este ano, a legislação eleitoral introduziu a ação da Lei da Ficha Limpa, que no frigir dos ovos, não impediu que os candidatos com problemas judiciais disputassem a eleição. Esses remendos na legislação vigente se mostram ineficientes.
Apenas uma reforma política profunda e séria vai mudar a realidade das eleições, principalmente no que se refere ao financiamento de campanha. Enquanto houver essa disparidade entre os candidatos, o processo continuará sendo injusto e o povo é quem vai continuar pagando pela eleição de maus políticos.
Há um medo de se tocar no assunto, até porque os políticos e parte da mídia pregam a ideia de que o povo não aceitaria pagar pela eleição dos candidatos. Mas é preciso ter um esclarecimento e conscientização, de que ao aceitar o financiamento privado, pagará muito mais depois de escolhidos os legisladores e os administradores.
Os R$ 20,00 que o eleitor recebeu junto com o santinho também vão custar caro depois. Quem tem que financiar a eleição é o Estado, para que os candidatos tenham o mesmo poder de fogo. Ou vai continuar tudo como está, com risco ainda de piorar.
Reforma política já!
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