Se os processos eleitorais estaduais das últimas duas décadas no Espírito Santo não revelaram nenhuma novidade, dado o controle que o governador Paulo Hartung (PMDB) detinha dentro o fora do cenário político, o processo para 2018 está completamente em aberto.
Se antes o excesso de zelo nos grupos de Hartung e do ex-governador Renato Casagrande (PSB) traziam dúvidas sobre quem vai disputar o quê e contra quem, hoje não se sabe nem quem vai ter condições de disputar a eleição. O governador especulava disputar a eleição ao Senado, mas teve problemas para encontrar um espaço.
Tentou tirar Ricardo Ferraço (PSDB) no caminho, não conseguiu. Também foi cogitado para ser candidato a vice-presidente, presidente, mas pode não ter nem condições de disputar a reeleição. Hartung tem evitado a exposição pública, tentando preservar a imagem, mas pelo fato de estar à frente do governo, se tornou um alvo mais visado.
Não é da natureza de Hartung aceitar, porém, ser pressionado. Essa coisa de o governador ficar preso no Palácio Ancheita, recebendo visita de empresário e prefeito, sendo criticado sem reagir, até mesmo pela mídia que sempre lhe foi tão submissa, não combina com ele. Hartung chegou ao governo pregando uma excelência na política, que hoje vem sendo desconstruída pelos acontecimentos desencadeados pelas delações dos ex-executivos da Odebrecht.
Jogado na vala comum, como mais um político que negocia caixa dois com empreiteira, o governador tenta reagir. Até agora suas tentativas não têm conseguido êxito. Talvez Hartung não dispute a eleição, mas vai tentar se manter como grande eleitor do processo. É difícil acreditar que Hartung vai perder o controle da classe política capixaba, deixando o processo correr solto, sem que ele atue para garantir a eleição de seus aliados e tente impedir que os adversários conquistem esse espaço.
A sorte de Hartung é que quem poderia se beneficiar com sua queda, o ex-governador Renato Casagrande (PSB), está tão enrolado quando ele. De qualquer forma, nem um, nem o outro estão em condições, hoje, de buscar votos. Em 2018, pode ser que a situação mude, até lá muita coisa pode acontecer, mas o cenário que se tem desenhado até aqui não é favorável para nenhum dos dois.