Segunda, 29 Abril 2024

O que esperar do ano 13

 

Os jornalistas econômicos e os economistas articulantes e/ou colunáveis andam a dar tiros no escuro, tentando acertar um diagnóstico sobre o (fraco) desempenho da economia brasileira em face da crise econômica mundial.
 
Todos lamentam a estagnação da economia brasileira, esquecendo que muito mais importante é a manutenção dos empregos e da capacidade de consumo da população mais pobre.
Na minha modesta opinião, sem dispor de bola de cristal, tanto a economia brasileira quanto a economia mundial vão continuar patinando indefinidamente, até que a maioria dos que exercem influência nos governos se convençam de que é menos importante crescer do que distribuir equanimemente os resultados das atividades econômicas.
 
Felizmente temos no Brasil um governo comprometido com a  ideia de que “país rico é país sem miséria”. O fosso que separa ricos e pobres é tão grande que precisaremos de décadas para equalizar as coisas. E isso se fará não apenas com a oferta de empregos, mas com a melhora da infraestrutura educacional.  
 
Por isso é equivocado continuar perseguindo índices de crescimento econômico elevado, como se apenas isso bastasse para atender aos anseios da maioria.
 
Esquecendo que o planeta está no limite, com sete bilhões de pessoas, (sendo dois bilhões carentes), todo mundo fica repetindo o refrão segundo o qual a economia precisa crescer. Nada disso, o que é preciso é estabelecer uma distribuição equilibrada da produção e dos serviços.
 
Enquanto perdurar o desequilíbrio vigente – em termos ambientais, energéticos e financeiros –, a economia mundial vai continuar claudicando. Nesse contexto crítico, o Brasil vem apresentando um conjunto de bons indicadores: crescimento da oferta de empregos, inflação baixa, reservas monetárias elevadas, queda dos juros e estabilidade cambial.   
 
Nesses primeiros dias de janeiro, batendo na velha tecla do crescimento a todo custo, a Agência Brasil distribuiu nota salientando que a balança comercial brasileira encerrou 2012 com um superávit de US$ 19,4 bilhões, “o pior resultado desde 2002”, US$ 10 bilhões menos do que em 2011. A rigor, considerando o temporal lá fora, a queda das exportações em 5,3% e das importações em 1,4% deve ser considerado um bom resultado.
 
As exportações em 2012 ficaram em US$ 242,5 bilhões contra importações de US$ 223,1 bilhões. Hoje o maior parceiro brasileiro é a China, superando largamente os EUA, a Argentina e o Japão.
 
A surpreendente ascensão comercial dos chineses é preocupante porque eles praticam o dumping social a partir de tecnologia de origem norte-americana. Apesar de ser o epicentro da crise financeira mundial, os EUA seguem dominando a economia internacional, mais de um século depois de inventos como o telefone, a lâmpada e a linha de montagem.  
 
Nesse quadro, como escreveu o analista econômico Luis Nassif, o Brasil vem realizando o quarto salto econômico desde o governo Collor (1990-1992), quando foram liberadas as amarras do estatismo que esterilizava a economia. Em seguida, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),  o país domina a inflação e estabelece as bases da responsabilidade fiscal. Depois, com  Lula (2003-2010), a inclusão social faz expandir o mercado interno, dando asas ao agronegócio e à agricultura familiar.  
 
Ao iniciar o terceiro ano de seu governo, a presidenta Dilma tem de enfrentar vários desafios fiscais, econômicos, sociais e tecnológicos, mas nenhum é mais importante do que redobrar a ênfase na qualificação da estrutura educacional brasileira, que vai desde a alfabetização de crianças e adultos até o aprimoramento da capacitação de técnicos, professores e doutores. É uma mudança que exige fôlego, coragem e persistência, qualidades que parecem sobrar na chefe do governo.
 
Muito mais do que Lula, que governava com a intuição, Dilma tem conhecimento econômico e realismo político suficientes para saber que o cumprimento do atual ciclo de expansão distributiva depende da superação de vícios históricos cultivados por diversos segmentos da população.
 
Entre os vícios mais persistentes, destacam-se a acomodação do funcionalismo público, o rentismo de parte do empresariado e o negativismo de uma parcela da antiga classe média, tradicionalmente inconformada com seu status.   
 
LEMBRETE DE OCASIÃO
 
“Ultimamente a coisa se tornou mais complexa porque as instituições tradicionais estão perdendo todo o seu poder de controle e de doutrina. A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa, impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações.”
Darcy Ribeiro (1922-1997)

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