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O que Hartung quer esconder?

Nova reportagem especial de Século Diário, publicada neste sábado (27), revela que além da mansão em Pedra Azul, o candidato ao governo Paulo Hartung (PMDB) tem outros 31 imóveis em Vitória. Assim como a casa de luxo nas montanhas capixabas, o ex-governador não declarou à Justiça Eleitoral o patrimônio avaliado em cerca de R$ 36 milhões. 
 
Na última quarta-feira (24), o advogado de Hartung, José Roberto Santoro, disse ao jornal A Gazeta que não havia irregularidade no fato de Hartung não ter declarado a mansão ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES). Ele justificou que o imóvel foi incluído na declaração de imposto de renda da mulher de Hartung, a psicóloga Cristina Gomes. 
 
Ao jornal O Globo, porém, o secretário judiciário do TRE-ES, José Maria Miguel Feu Rosa Filho, esclareceu que os candidatos devem informar todos os bens que possuem. “A compreensão que se tem é que o candidato deve esclarecer a justiça eleitoral e aos eleitores quais são os bens que ele possui naquele dia que ele está pedindo o registro de candidatura. Um carro, meio terreno, um apartamento inteiro, ou seja, todos os bens que ele tem. Ser o mais fidedigno e o mais ético possível para não gerar dúvida a respeito do patrimônio do candidato”. 
 
Hartung não foi nem fidedigno nem ético ao tentar ocultar outros 31 imóveis do eleitor capixaba. A reportagem mostra que logo após deixar o governo, em 2010, o ex-governador criou a PPG Empreendimentos Imobiliários Ltda para tirar de seu nome o patrimônio herdado do pai, Paulo Pereira Gomes, que empresta as iniciais ao nome da empresa.
 
A estratégia foi usar a própria família para assumir o milionário espólio. A mãe e o irmão de Hartung, além da mulher e dos dois filhos figuram na formação societária da empresa. Ele, porém, na condição de herdeiro direto, não aparece entre os sócios. O arranjo permitiu que o ex-governador declarasse ao TRE-ES que possui um único imóvel, no qual mora, no valor de R$ 979 mil. O “resto”  do patrimônio milionário ficou de fora da declaração. 
 
Mas por que Paulo Hartung tenta esconder seu patrimônio? Uma das hipóteses é a de que o ex-governador quer transmitir à população que ele é um homem desapegado, sem luxos. Um agente público que dedicou e dedica sua vida exclusivamente ao Espírito Santo. Um homem puro, reto, sem vaidades, quase um franciscano. O que ele tem depois de mais de três décadas de dedicação à vida pública? Apenas um teto para morar. 
 
As “provas” estão nos valores. O eleitor mais curioso que acessar o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para comparar a declaração de 2006, quando ele se candidatou à reeleição, com a de 2014, vai acreditar na tese do “bom franciscano”. De 2006 para cá, pasmem, Hartung empobreceu em mais de R$ 300 mil. Em 2006 ele declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,3 milhão, agora tem menos de um milhão. 
 
Como a realidade conta outra história, Paulo Hartung tem uma semana para explicar ao eleitor capixaba por que esconde sua fortuna. E não adianta mandar recados via programa eleitoral de que o debate está descambando para a “baixaria”. 
 
Se há alguém baixando o nível do debate é o próprio Hartung, que até agora não conseguiu explicar as acusações que pesam contra ele. Não explicou por que a ex-primeira-dama Cristina Gomes viajou dezenas de vezes desacompanhada, e nos fins de semana, para o Rio e São Paulo com dinheiro público; não explicou as operações suspeitas da consultoria Éconos, que faturou em três anos cerca de R$ 6 milhões; não explicou o paradeiro dos R$ 25 milhões jogados pelo ralo na obra fantasma do posto fiscal de Mimoso do Sul; não explicou como escriturou um apartamento de luxo no valor de R$ 48 mil e, no mesmo dia, vendeu por R$ 2,1 milhões; não explicou por que a mansão de Pedra Azul foi omitida da declaração entregue ao TRE-ES; e, agora, falta explicar por que criou uma empresa familiar para “tirar de seu nome” os 31 imóveis herdados do pai. 
 
Ufa! É muito coisa para explicar à população e à Justiça.

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