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O sermão de PH

Na coluna que escreve às sextas no jornal A Gazeta, o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) pegou uma carona tardia na visita do Papa Francisco ao Brasil para exaltar a capacidade de liderança do pontífice. O ex-governador destacou que, mesmo diante dos questionamentos que põem em xeque O Vaticano, o Papa demonstrou que reúne as características de um verdadeiro líder para enfrentar com desenvoltura este momento de adversidade. 
 
O exemplo do Papa, na verdade, foi pretexto para Hartung traçar, nas entrelinhas, um paralelo com o atual momento de turbulência que desestabiliza a gestão do governador Renato Casagrande. Ele deixou patente que só os verdadeiros líderes têm capacidade para superar grandes crises com equilíbrio e sabedoria. “O líder, mesmo em momentos críticos, não usa sua autoridade como bengala”, ensina.
 
Os momentos críticos sugeridos por Hartung foram causados pelos protestos que tomaram as ruas do Estado e do país. As manifestações redesenharam o cenário político que se projetava para 2014, tirando o favoritismo daqueles que já se consideravam praticamente reeleitos. Caso da presidente Dilma e do governador Renato Casagrande, só para ficar em dois exemplos.  
 
De camarote, fica fácil para o ex-governador apontar o dedo para os erros do seu sucessor e mostrar que, se fosse com ele – que se considera um líder nato -, as coisas seriam diferentes.  “Apesar de muitas vezes ocupar os postos mais elevados de uma hierarquia” – como o de governador, poderia ter completado – [o líder] “…coloca-se na mesma posição dos seus liderados, como parte do time”. Será que essa deixa queria ilustrar a crise entre governo e Assembleia?
 
O “sermão” continua mandando recados cifrados para Casagrande. “Ele [o líder] pode até dar ordens, mas não se esconde atrás desse que lhe parece o último recurso para colocar uma organização em movimento”. E continua: “Assim, não aposta no mando, mas no diálogo e no compartilhamento responsável das missões que lidera”, profetiza. 
 
No decorrer do artigo, Hartung continua ensinando, sempre em tom professoral, quais são os atributos desejados para se tornar um grande líder. Só faltou ele escrever que o Espírito Santo teve na sua história recente um verdadeiro líder, que já deixa saudades. 
 
Para suscitar ainda mais a comparação na cabeça dos leitores, Hartung completa o artigo com um alerta: […a verdadeira liderança], “num mundo órfão de líderes, faz toda a diferença”. 
 
O recado está dado. Mais direto impossível.

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