No ar um jeito de chuva, na vida um jeito de falta de tempo. O computador gentilmente oferece dois modos de digitar meus textos – um deles , imigrangte, com acentos; o outro, estrangeiro, sem os referidos. Como pois rabiscar essas mal elaboradas linhas sem esses aditivos que ddiferenciam alguns idiomas, tal como um nariz ou a linha das sombrancelhas podem definir uma etnia. Se bem que, com a Internet, emails e mensagens de texto, popularmente chamados torpedos, esses apetrechos andam caindo em desuso ultimamente – sem tempo para tais pequenos detalhes.
Na rua um jeito de carros parados, denunciados pelo som estridente de buzinas enlouquecidas. O que nunca nos surpreende, visto acontecer frequentemente. Na cozinha um cheiro de canjiquinha com costeleta de porco – estarei sonhando? Vou verificar e o aparelho de fabricar comida parece mais morto que vivo, ali nada se cozinha ou cozinhou por muitas horas. Olho o aparelho de verificar as horas, 1:30. Panela no fogo barriga vazia, bem sei, mas nem mesmo panelas podem ser vistas nos locais estipulados para tal atividade.
Na TV um jeito de falta de criatividade. Passa um programa que todos odeiam, e no entanto sintonizado. Pergunto – se os habitantes da casa detestam o festival de mau gosto com que nos assolam os interesses comerciais da emissora – por que o tal aparelho que emite sons e imagens continua ligado.? Sem obter resposta, verifico que: um dorme na poltrona; outro se distrai com um ipad; outra interage pelo i-fone com um pessoa ausente. Vou eu pois desligar a geringuela – advinha quem paga a conta de luz?
No dia um jeito de acabar depressa – e ainda tanta coisa por fazer. Ontem foi sexta-feira, o dia de hoje se tornou apenas a espera do domingo, que evapora no ar como cheiro de acetona. A segunda-feira sempre chega antes da hora marcada. Todo fim de semana tem gostinho de fim de sorvete – nada que foi programado vai ser feito. Na calada da noite todos os gatos se distinguem pela falta de cor, enquanto os camelos atravessam o deserto mastigando ainda o jantar da semana anterior.
No mar um jeito de ondas, o cheiro de maresia, o gosto de peixe no prato. Isso me inspira o prato do dia, uma vez que canjiquinha com ou sem costeletas foi apenas um sonho – atum combina com batata? Onde foi parar a lata de atum que estava aqui? Comemos na semana passada, esqueceu? A gente devia ter nascido ruminante, como os camelos. Imagina a economia de tempo e dinheiro, uma vez que, de acordo com pesquisas de mercado, a maior fatia dos nossos gastos mensais se esvai em comida. Imagina quanto sobraria para compras mais interessantes. Quanto ao mar, estamos na cidade mais quente dos States e as praias lotam nos fins de semana.
Na porta da rua um jeito de gente chegando. Antigamente a gente pensava – deve ser vendedor ou pedinte. Aqui essas coisas inexistem, mas conforme o contrato social, existem mas proibidos. O chegante vai entrando, e depois dos cumprimentos de praxe, pergunta o que temos para matar a fome. Em vez de gente entra um pirralho, e explico ao neto que no Brasil existe um prato muito apreciado chamado PF – Consiste de arroz com algo preto que o defeito do computador me impede de dizer qual seja, mas todos sabem. Bife duro ou frango mal temperado, salada de tomate e alface. Ele ri, acha que estou brincando. Quero macarronada com queijo Kraft. Tem que ser Kraft? Recuso qualquer outro de qualidade infeiror. Exigente, o menino.
Na mesa um jeito de chegou a hora esperada por todos. Conforme manda a etiqueta, ponho a toalha chamada de mesa, e sobre ela pratos e talheres. O neto convidado de honra merece. Comemos o espagueti com queijo, que embora de outra marca, ele reclama mas aceita. O Kraft custa o dobro. Por isso que… Na pia os pratos se empilham, o neto foi ver TV e reclama que a pilha do controlador remoto precisa ser trocada urgente. A pilha tem que ser Kraft? Ele ri, Compra Rayavil, a melhor sem ser mais cara. Essa coluna vai se auto-destruir em 10 segundos!