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Ora, pombas!

E pombos. Na verdade 15 famílias, vivendo confortavelmente no vão entre o telhado e a lage da casa acabada de comprar. Com tantos detalhes a verificar, controlar, vigiar, confirmar, tanta papelada para ler e assinar, ninguém viu a colônia de pombos ali instalada, se multiplicando três vezes ao ano. Pudera, os trâmites da compra da casa levaram quase um ano, e nesse tempo a casa ficou vazia.  Os pombos a invadiram e estavam a ponto de pedir usucapião.
 
Mas não se pode, simplesmente, dar-lhes ordem de retirada. Pombos são aves protegidas, e não se pode jogar inseticida e esperar que morram. Portanto, um serviço especializado de remoção de pombos foi contratado, e a operação durou um dia inteiro, feita por cinco profissionais. A parafernália  utilizada e as roupas que vestiam pareciam ter saído do filme  Os caça-fantasmas – sem lançadores de prótons mas com o mesmo impacto.
 
Chegaram pela manhã e encontraram poucos pombos em casa – provavelmente os idosos e os filhotes. Os que alcançaram a idade considerada útil já tinham partido para a caça diária ao pão deles de cada dia, que numa cidade grande, no país do desperdício, deve ser tarefa fácil. Os caçadores  removeram os que encontraram em gaiolas especiais, e foram cantar em outra freguesia, sabe Deus onde. Coisa de leis e homens: matar não pode, mas despejar sem aviso prévio é permitido.
 
Depois veio a parte mais difícil: a limpeza do lar-doce-lar dos pombinhos. Primeiro, a remoção da sujeira acumulada, utilizando um imenso aspirador instalado em um caminhão; segundo, lavar e secar o local; terceiro, impermeabilizar.  Acabaram? Ainda não, e partem para fechar as entradas do antes aconchegante recinto, com telas especiais, para que não voltem. Mesmo levados para longe, os pombos têm memória de pombo, e sempre sabem voltar ao local de onde os tiraram.
 
Incluído no contrato, foram ainda eliminar formigas em árvores e na caixa do correio. Quando finalmente dão o serviço por terminado e recolhem a parafernália utilizada, já o dia vai declinando e os pombos operários voltam alegremente para casa. Mais um dia superado! A cena agora parece tirada do filme Os Pássaros, do Hitchcock, com os pombos esvoaçando aflitos em volta da casa, procurando desesperadamente uma passagem para entrar.

É duro desbaratar uma família feliz, mesmo sendo de pombos, mesmo se são altamente prejudiciais à saúde. Por certo os espertos removedores de pombos sabiam que haveria poucos pombos no telhado na hora que chegaram, facilitando o serviço. E se foram, levando os que pegaram, seguidos por uma revoada de pombos desolados. Que sejam felizes onde quer que se instalem, são meus votos. Serviço de inutilidade pública da coluna: Aguardem As caça-fantasmas, a ser lançado em julho de 2016.

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