Há situações em que somos forçados a buscar referências em pessoas-chaves. Alguns anos atrás, convivi com uma pessoa de rara sensibilidade. Ele trabalhava no Banco do Brasil, onde fez carreira dos 18 aos 54 anos. Nunca trabalhou em outro lugar. Seu lazer era ler, praticar esportes e viajar.
Não sei onde encontrou forças para aguentar chefes e subordinados numa instituição bancária estatal minada pela bajulação e o carreirismo, mas o fato é que ele soube se divertir enquanto teve saúde para pilotar seus brinquedos — barco, moto, teclado e teco-teco.
Pois bem, sua lição inesquecível: ele criticava os “burros ativos”, expressão por ele inventada para definir o comportamento dos ignorantes colocados em situação de mando e dos medíocres que puxam as coisas para baixo por medo, inveja, raiva ou ignorância.
Lembro-me dele agora, quando vejo o vice-presidente em exercício fazendo malabarismos com as mãos e com as palavras no esforço tatibitati de explicar alguma coisa referente a suas atividades de governo.
Ele, seus ministros e altos funcionários da administração vêm se esmerando no esforço para convencer os brasileiros de que a economia saiu da estagnação em que andou mergulhada desde 2015.
Esquecem todos eles — os burros ativos — que o país jamais sairá da paradeira socioeconômica enquanto o governo trabalhar para tirar direitos dos trabalhadores, reduzir salários e proteger prioritariamente os agentes do mercado, os rentistas, os banqueiros, os empresários. Isso, além de antidemocrático, é burrice.
LEMBRETE DE OCASIÃO
Tudo na vida está sujeito à mutação. À prosperidade segue-se a decadência”. I Ching