Não há como dissociar o cenário político regional de movimentos deflagrados nos principais eixos de decisões do país. Principalmente em períodos de eleições gerais, como as de outubro próximo.
Nesse início de arrumação, tanto em nível nacional quanto na local, duas vertentes se sobressaem: o declínio da ala mais à esquerda e o crescimento de grupos conservadores.
A construção desse quadro, favorável ao surgimento de organizações ainda mais à direita, com o “Centrão” de Rodrigo Maia (DEM-RJ), é devido a projetos montados estrategicamente com a colaboração de elementos externos, como parte da dominação geopolítica em escala mundial.
Contam com a ativa participação da imprensa tradicional, historicamente ligada a grandes grupos empresariais, ao governo de plantão, e instituições sustentadas por conglomerados empresariais.
De outro lado, a ala mais à esquerda declina, porque não dispõe de recursos financeiros, pela falta organização e, também, pelo elevado índice de divisão motivado por questões localizadas, que se mostram altamente prejudiciais ao alcance dos objetivos.
No Espírito Santo, enquanto a ala mais conservadora experimenta um crescimento significativo, seguindo a tendência nacional, os partidos de esquerda apresentam uma queda em todos os seus movimentos, o que é altamente prejudicial ao debate democrático.
Reside exatamente na ausência de um posicionamento previamente estabelecido um dos fatores para o declínio da esquerda. No Espírito Santo, então, o quadro é surpreendente.
O ativismo só funciona quando é para fazer oposição a eventos de caráter nacional, sem que haja um mover permanente, regional, com meios e fins estabelecidos. Ou seja, falta planejamento estratégico, o que sobra ao pessoal da direita.
Pode-se afirmar, para contrapor essa afirmativa, que movimentos como o “Centrão” contam com a imprensa e o poder da máquina pública. Correto.
No entanto, existe a criatividade na geração de fatos que podem ser transformados em bandeiras de lutas, que certamente cairão na simpatia da opinião pública. Basta estar de olhos abertos.
Dois exemplos: a militarização de escolas no município de Montanha e o aumento no preço da passagem de ônibus. Ambos os fatos passam despercebidos, apesar do grande apelo popular.
Apesar de possuir lideranças bem posicionadas, a esquerda só aparece quando os fatos ou eventos são diretamente ligados ao cenário político partidário. Esquecem que, em sociedade, tudo é política.
Não é sem motivo que nas últimas eleições, os partidos de esquerda no Estado encolheram, com perda de 71% do eleitorado entre 2012 e 2014. Dos sete prefeitos eleitos em 2012, hoje esses partidos só têm dois, um do PCdoB e outro do PT.
Um quadro lastimável para o estabelecimento de um debate, necessário e urgente, para que haja a descentralização de poder, ampliando o nível de oportunidades para um maior número de cidadãos.