Em sua trajetória política, o ex-governador Renato Casagrande (PSB) pôde contar com um elemento a mais em suas movimentações: a sorte. Sabe aquela máxima de que um raio não cai duas vezes em um mesmo lugar? Bom, ela não se aplica ao socialista, que já foi bafejado pela sorte por três vezes nas últimas duas décadas.
Tudo começou em 1994, quando Renato Casagrande era deputado estadual e o PT montava seu palanque para a disputa ao governo do Estado. O PSB ofereceu o nome do ex-secretário do governo Albuíno Azeredo, Renato Soares, que naquela época era o homem forte do ninho da pomba capixaba, seria o vice.
Mas o PT, que já tinha uma boa conversa com Casagrande, não abria mão de que o deputado estadual fosse o vice e assim, Renato Casagrande conseguiu a vaga, e mais, Soares deixou o Estado e o vice de Vítor Buaiz passou a controlar também o PSB.
A coluna avança no tempo e deixa de lado os dias de depressão do socialista, que depois de disputar o governo em 1998, ficou na planície por um tempo até ser chamado para a secretaria de Meio Ambiente da Serra, na gestão de Sérgio Vidigal, o que o levou à Câmara dos Deputados.
O raio caiu pela segunda vez no mesmo lugar em 2006, quando Renato Casagrande disputou o Senado. A vitória do ex-governador Max Mauro era iminente naquele momento, mas o desejo do então governador Paulo Hartung em derrotar o desafeto político colocou no colo de Casagrande uma movimentação em seu favor. Depois de tirar da jogada outros postulantes ao cargo como Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Elcio Alvares (DEM), Hartung entrou em campo, sobretudo no interior, para eleger o socialista.
Já o terceiro raio veio em 2010, quando Hartung preparara o palanque para eleger seu sucessor, o então vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB), mas uma manobra orquestrada em Brasília entre o então presidente Lula (PT), a cúpula do PMDB e o presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos, tirou Ciro Gomes da disputa presidencial, em troca de apoio às candidaturas socialistas em seis estados, incluindo o Espírito Santo.
A manobra que foi conhecida no Estado como abril sangrento, tirou Ferraço da disputa ao governo e Casagrande disputou a sucessão de Hartung como candidato palaciano.
O que a classe política se pergunta agora é como Casagrande vai se movimentar daqui para frente. Parece muito difícil que um quarto raio caia na cabeça dele. Se acontecer, será um fenômeno sobrenatural.
Fragmentos:
1 – Não dá para considerar a votação do Orçamento de 2015 com as diminuições feitas pela equipe econômica do governo como uma grande vitória de Hartung na tentativa de controlar a Assembleia.
2 – Em meio a um processo eleitoral, os deputados não querem entrar em atrito com o governo e quem está deixando a Casa não tem motivo para fazer isso. Não é por aí que passa a busca de interlocução com o governo do Estado.
3 – O grupo de deputados que discute uma alternativa para a presidência da Assembleia anda desconfiado que há lobos em pele de cordeiro circulando no processo.