sábado, fevereiro 15, 2025
25.9 C
Vitória
sábado, fevereiro 15, 2025
sábado, fevereiro 15, 2025

Leia Também:

Osório e Chantada

Sendo o trabalho a chave-mestra da luta pela sobrevivência e o dinheiro a pedra-de-toque da economia, temos que os dois precisam andar juntos para construir resultados positivos para a sociedade em geral. Em caso de descompasso, sobrevém a crise econômica, que gera a crise política, como estamos vendo no Brasil neste momento.

 

Muitas pessoas resmungam dizendo que a culpa é do governo e, particularmente, da presidenta; empresários, economistas e jornalistas tentam convencer a opinião pública de que é preciso colocar a gestão das coisas nas mãos da iniciativa privada, mas não há nenhuma garantia de que a saída seja pela via do capital, pois quem toca as coisas são os trabalhadores.
Ainda que o aparelho estatal seja ineficiente por decorrência da acomodação do funcionalismo, a iniciativa privada não tem o monopólio da eficiência. Por isso é preciso equacionar o problema da dispensabilidade dos operadores econômicos. Ainda que a empresa privada tenha o poder de dispensar seus empregados e o Estado não possa demitir seus funcionários, as coisas não se resumem ao dilema – demitir ou não.

 

O que fazer, agora que a revolução social petista entrou em colapso após 13 anos de idílio entre o trabalho e o capital?

 

Por enquanto, as medidas tomadas e as propostas apresentadas apontam para perdas na base da pirâmide social, enquanto o topo mantém seus privilégios preservados pelo patrimonialismo, o empregusimo, o nepotismo e outros ismos inerentes à história organizacional do país.

 

Talvez seja o momento de lembrar Chantada, a cidade galega que se tornou irmã da gaúcha Osório em 2006, quando um grupo de administradores públicos e privados osorienses foi conhecer as usinas eólicas locais montadas 20 anos antes nessa região a 400 quilômetros de Madri.

 

Vivendo da agricultura e explorando intensamente o vento como fonte de energia elétrica, as duas cidades contrastavam brutalmente quanto ao sistema de administração pública: conservador no Brasil e liberal na Espanha, o funcionalismo municipal era formado por 700 pessoas em Osório (30 mil habitantes) e apenas sete em Chantada (9 mil habitantes), cujos serviços essenciais eram tocados, todos, por contratos e empreitadas renovados periodicamente.

 

Moral da história: se o objetivo da gestão pública é beneficiar a maioria da população, por que insistir num sistema operacional pernicioso?

 

LEMBRETE DE OCASIÃO
“Essa proposta de aumento (salarial) do Judiciário é um descalabro total na atual conjuntura”.
Luiz Gonzaga Beluzzo, economista da Unicamp em entrevista ao Estadão

Mais Lidas