
A candidatura ao governo do prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, em 2018, é considerada pelo PCdoB a grande oportunidade de se abrir o debate à esquerda e contra o conservadorismo e pelos direitos sociais no Espírito Santo. Ideologicamente uma terceira via, que representaria tanto o projeto anti-Paulo Hartung como anti-Renato Casagrande (PSB), lideranças adversárias que dividem o território político capixaba, mas que muito têm em comum. Espaço mais apropriado para isso não há, de fato, do que uma eleição majoritária, como pretende o partido. A articulação é para fechar uma chapa puro-sague com Neto Barros ao governo e o deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) numa candidatura ao Senado, faltando ainda, neste caso, “bater o martelo” da migração partidária. A estratégia “casa” com o projeto nacional do partido, que anuncia desde o final do ano passado o lançamento de candidatura própria ao Palácio do Planalto e também se movimenta em vários estados. Em tempos de Lava Jato, que colocou o sistema político e econômico do País em descrédito, os comunistas acreditam que não há melhor momento do que esse para se apresentar à sociedade. A meta é, acima de tudo, oferecer “outro caminho”. Se assim for, sem dúvida, tem tudo para incomodar.
Perfil
O convite a Enivaldo atenderia a esse objetivo principal, por sua experiência política. O deputado não é de correr do debate, nem das bandeiras espinhosas que se contrapõem aos grandes grupos econômicos e que, por isso mesmo, ninguém ousar mexer. Na mira dele, Vale, Samarco…empresas também duramente criticadas por Neto Barros após o crime do rompimento da barragem, o que rendeu ao prefeito, na época, projeção nacional e até internacional.
Afinado
O que se diz no PCdoB, aliás, é que Enivaldo está mais do que informado sobre todas as questões que o partido defende com unhas e dentes. A considerar o discurso feito por ele na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (21), está afinado. O deputado soltou o verbo contra o projeto da Reforma Trabalhista no Congresso Nacional.
Ué…
Por falar nisso, o relator da reforma, senador Ricardo Ferraço (PSDB), um dos políticos do Estado mais assíduos nas redes sociais, não publicou nada até agora sobre a rejeição do seu parecer na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que imprimiu derrota inesperada a ele e aos planos do presidente Michel Temer e do empresariado. Por que será?
Mão amiga
A Rádio Corredor do Tribunal de Contas (TCE) só comenta um assunto nos últimos dias: a prestação de Contas de 2016 do governo Hartung está nas mãos do consultor de Finanças Públicas da Secretaria de Controle Externo (Secex), Felipe Saade Oliveira. Ele mesmo, o filho de José Teófilo, ex-secretário da Fazenda do governador e de quem também foi sócio, assim como o pai, na famosa empresa Éconos.
Mão amiga II
Não tem muito tempo, essas relações entre fiscalizado e fiscalizador no Estado, que já vêm dos mandatos anteriores de Hartung, foram expostas na Assembleia Legislativa exatamente com esse temor e críticas à nomeação de Felipe. Também tem denúncia do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos) ao controlador de Contas. Mas nada disso “anda”. Já a prestação de contas, pelo contrário, parece muito bem encaminhada.
Burburinho
A propósito, tem muito mais assunto para a Rádio Corredor, com essa decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desta quarta-feira (21) que determinou a suspensão do conselheiro José Antônio de Almeida Pimentel do cargo. Haja corredor, hein!
Oportunidades
A prefeitura de Vitória não perde uma. Desta vez, tenta capitalizar com a manutenção da multa aplicada à ArcelorMittal pela poluição do ar, como se fosse uma área prioritária de sua gestão. Lembrete: até então inerte, a prefeitura correu para aplicar essa multa – e outra à Vale – horas depois da interdição da Polícia Federal das duas poluidoras do Complexo de Tubarão, em janeiro de 2016. Carola lá, carona cá.
Parceria antiga
O deputado Sérgio Majeski (PSDB) voltou a denunciar, na sessão da Assembleia dessa terça-feira (20), os “interesses obscuros” do governo com a reestruturação do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Empurrada goela abaixo dos servidores, em manobra ardilosa e com sérios indícios de irregularidades, Majeski alertou que a mudança irá “beneficiar pessoas e, sobretudo, empresas”.
140 toques
“Nada mudou com a aplicação das multas [Arcelor]. E as multas aplicadas na mesma data na empresa Vale? Depois das multas, a Semma nada mais fez para combater a poluição do ar do mar das areias, por que? Continuamos a ficar doentes, nossas casas imundas…..e as poluidoras de Tubarão lançando material particulado e gases ( SO2, CO2 é outros ) no ar da mesma forma!”. (Juntos – SOS Espírito Santo Ambiental – no Facebook).
PENSAMENTO:
“Comandar não significa dominar, mas cumprir um dever”. Sêneca