Há um enorme descompasso entre o discurso e as ações do governador Paulo Hartung (PMDB) sobre o seu futuro político. À coluna Praça Oito, do jornal A Gazeta, desta quarta-feira (15), Hartung dá indícios de que pode não disputar cargo algum na eleição de 2018. Uma fala que não faz sentido diante das mudanças recentes em seu secretariado, mudando o perfil de técnico para político da equipe.
A entrada do Palácio Anchieta, na eleição da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), para tentar desidratar a candidatura de Gilson Daniel (PV), ligado à senadora Rose de Freitas (PMDB), é outro movimento político forte, assim como foi a ingerência na eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, desmobilizando o plenário para a reeleição de Theodorico Ferraço (DEM).
A movimentação do governador de saída do PMDB, posteriormente abortada, e a rejeição do PSDB à sua filiação, mesmo diante da oferta do governo do Estado para o senador Ricardo Ferraço, em 2018, foi outro forte indício de sua articulação puramente política.
Também não se deve desconsiderar os investimentos fora do Estado para polir sua imagem como grande gestor do Estado, por meio de uma estratégia de marketing forte. Tudo isso para encerrar a carreira, entregando o governo a um sucessor em 2018 e pendurar a chuteira? Não convence.
Essa estratégia do governador é antiga e seguida até por seus aliados. Como fez o prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PMDB), que até o último domingo (12) desconversava sobre a candidatura a presidente da Amunes, admitindo a entrada no pleito apenas depois do registro da chapa. Enquanto fala uma coisa, Hartung articula outra, confundindo a classe política e observando o cenário.
Ao dizer que pode não disputar nada, ele sai do campo e pode observar de fora as movimentações do mercado no Estado. Só na reta final, após observar todas as possibilidades, e observar os pontos fracos dos desafetos, ele entra do pleito, com tudo já encaminhado.
Para os observadores das estratégias do governador, dificilmente ele disputaria a reeleição, já que se um terceiro mandato foi arriscado, um quarto mandato não seria nada prudente. Os movimentos para fora do Estado apontam para a busca de um espaço no Senado, entre os cabeças e não no baixo-clero, como sempre atuaram os parlamentares capixabas, incluindo ele em sua primeira passagem por aquela casa. Mas não se descaram sonhos mais altos como uma candidatura a vice-presidente e, quem sabe, se o universo conspirar a favor, a presidente da República.
Fragmentos:
1 – Provocado pelo deputado Rafael Favatto (PEN), sobre ter votado favoravelmente a um projeto do governo do Estado, o deputado Sérgio Majeski (PSDB) não titubeou: “Nesses dois anos que estou na Assembleia não faço oposição rasteira, oposição por oposição”. A matéria em questão era de interesse da Polícia Civil.
2 – O projeto em questão é o que institui o Serviço Voluntário de Interesse Policial (SVIP), que permite que policiais civis aposentados voltem à ativa para desempenhar atividades técnico-administrativas, mediante ajuda de custo. Uma demanda antiga levada ao governo pela Comissão de Segurança da Casa e encampada pelo Palácio Anchieta.
3 – O tucano, porém, não deixou barato, alertou que a matéria é um risco de que o governo faça com a segurança o que acontece na educação. Mesmo sendo inconstitucional, alertou o deputado, mais de 60% do magistério do Estado é composto por profissionais contratados em Designação Temporária.