Com o fim da primeira fase das eleições, vamos a uma rápida reflexão sobre o resultado das urnas nesse domingo (5). Começando pelos debates televisivos, quase sempre insípidos e marcados pela intolerância de alguns candidatos com o estrambólico Levy Fidelix, figurinha representativamente minúscula, e que demonstrou claramente o que a falta do PL 122/06 pode ocasionar a nossa frágil democracia.
A reação de candidatos como Luciana Genro (PSOL) demonstraram bem a indignação, que afetou todos aqueles que militam em favor dos direitos humanos no Brasil. Fidelix deu uma demonstração do preconceito, da homofobia e do pouco preparo que alguns políticos tem, para lidarem com a democracia e se postularem a cargos públicos.
Esse quesito, direitos humanos, vem sendo agredido por grupos neonazista que estão poluindo as redes sociais, promovendo o ódio e a segregação, difundindo o preconceito e tentando desacreditar militantes, negando a existência da homofobia como agressão aos LGBTs – Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – e elucubrando sobre a ideia esdrúxula de uma conspiração para tornar todos homossexuais.
Seria cômico, se não fosse trágico. A orientação sexual nasce com o individuo. Ninguém se torna heterossexual ou escolhe isso. Assim como a homossexualidade também não é uma opção, mas é alvo de toda a forma de agressão. O mais absurdo é que atitudes como as de Fidelix estimulam essa violência, e com a omissão legislativa, não é punida, ficando uma fenda aberta e sangrenta manchando o Brasil, justamente com o apoio de conservadores e fundamentalistas religiosos.
Processos evolutivos do pensamento humano sempre foram precedidos de fortes reações conservadoras, que tentam preservar status de dominação e privilégios. Observa-se que, partidos de direita, mesmo se posicionando liberais, são os que mais se opõem a novos modelos e programas sociais. Isso se reflete nas políticas inclusivas que são imediatamente relegadas a segundo plano.
No discurso político a inclusão de parcelas oprimidas ou de pouca expressão, é retardada ou esquecidas mesmo quando colocadas em programas de governo. Por ocasião do primeiro turno, políticos de certa expressão nacional, demonstraram claramente seu preconceito ao norte e nordeste, como menor socialmente se comparado ao sudeste, em especial ao estado de São Paulo.
Qualquer forma de discriminação é humilhante e promove o desequilíbrio social, pendendo o fiel da balança para o lado opressor, roubando a cidadania e a igualdade de direitos. Os LGBTs travam hoje a luta contra a segregação semelhante a que sofrem ainda mulheres e negros, a homofobia se equipara ao machismo e ao racismo e o reconhecimento social requer um grande avanço político / legislativo.
Se um dia estivemos à margem da sociedade, hoje não estamos mais. Nunca estivemos tão fortalecidos, apesar das divisões internas na militância, e vamos continuar reivindicando nossos direitos. Como diz o super-homem – Para o alto e avante!
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil” pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]